(Reuters) – Autoridades da Índia avaliam que “é muito cedo” para o país exportar doses de vacina, disse o jornal indiano Hindustan Times citando fontes que falaram sob condição de anonimato, no momento em que o governo brasileiro se prepara para enviar um avião para o país asiático para buscar 2 milhões de doses da vacina contra Covid-19 AstraZeneca/Oxford fabricadas pelo Instituto Serum, da Índia.
De acordo com matéria do jornal, pessoas familiarizadas com a situação disseram à publicação que qualquer fornecimento de vacina contratado por países estrangeiros, incluindo o Brasil, será enviado pela Índia “no tempo devido”, sem estabelecer um cronograma.
“A Índia mantém seu compromisso de ajudar o mundo e todos os países terão as vacinas”, disse uma das fontes, de acordo com o jornal.
Na quinta-feira, o Ministério da Saúde informou que foi adiada para esta sexta a decolagem de uma avião da companhia aérea Azul com destino à Índia para buscar as 2 milhões de doses contratadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parte de um fornecimento que o governo federal pretende usar para iniciar a vacinação contra Covid-19 no Brasil na semana que vem.
Inicialmente a decolagem de Recife para a Índia ocorreria na quinta, às 23h, e o retorno estava previsto para o dia 16, com chegada no Rio de Janeiro. O ministério não informou se a data de volta ao Brasil será impactada pelo atraso na viagem de ida.
Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em pronunciamento à imprensa em Manaus que o avião decolaria naquela dia para buscar as vacinas e que os documentos para exportação do imunizante já haviam sido obtidos.
Na terça-feira, durante a conferência Reuters Next, o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, afirmou que o país poderá decidir sobre as exportações de vacinas contra o coronavírus nas próximas semanas.
Além da vacina AstraZeneca/Oxford, o governo brasileiro também conta com um fornecimento inicial de 6 milhões de doses da CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac. Essas doses iniciais foram importadas pelo Instituto Butantan, responsável pelos testes com a vacina no Brasil e que está envasando doses do imunizante, e já estão no país.
O Ministério da Saúde fechou contrato com o instituto ligado ao governo do Estado de São Paulo para comprar 46 milhões de doses da vacina, com a opção de mais 54 milhões de doses.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve decidir no domingo se concede autorização para uso emergencial no país das vacinas AstraZeneca/Oxford e CoronaVac, após solicitações feitas pela Fiocruz e pelo Butantan, respectivamente.
Por Eduardo Simões