Da Redação |
O Ibama suspendeu cinco Planos de Manejo Florestal Sustentáveis (PMFS) irregulares no município de Lábrea (AM) por fraudes no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor). Além das suspensões, cerca de 106 mil metros cúbicos de madeira ilegal foram bloqueados e estão com a comercialização impedida. Seriam necessários 5 mil caminhões para transportar toda essa carga, cujo valor é estimado em R$ 3 milhões. Os agentes ambientais aplicaram seis autos de infração, que totalizam R$ 56,8 milhões.
As fraudes foram constatadas a partir da análise de imagens de satélite e dados das transações de madeira no Sinaflor. A mais comum é a transferência de créditos virtuais de madeira do plano de manejo para as serrarias, sem que a extração de árvores tenha ocorrido naquela área. Essa prática visa acobertar madeira explorada ilegalmente em outros locais, como terras indígenas, unidades de conservação e áreas não autorizadas.
As fraudes foram confirmadas por técnicos da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Ibama que realizaram vistorias em planos de manejo e constataram que parte do volume de madeira informado no Sinaflor não havia sido extraído naqueles locais, entre outras irregularidades.
Além de ser um dos campeões do desmatamento, Lábrea se tornou o maior produtor de madeira nativa no Amazonas. De 2020 a 2022, a exploração autorizada em planos de manejo corresponde a 692,8 mil metros cúbicos de toras. Cerca de 85% de toda a madeira explorada no município é comercializada por empresas de Porto Velho (RO), principalmente nos distritos de Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia, grande polo madeireiro da região.
A ação, realizada com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), faz parte da Operação Metaverso, conduzida pelo Grupo Especializado de Fiscalização de Fraudes no Sistema de Controle Florestal (Gedof). Já foram bloqueados mais de 1,3 milhão de metros cúbicos em créditos virtuais no sistema de controle florestal, o equivalente a 65 mil caminhões carregados. Mais de 300 empresas com indícios de irregularidades estão sendo investigadas em todo o país.