MANAUS – O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), celebrou o Golpe Militar de 1964, que completa 57 anos nesta quarta-feira (31). O golpe, na verdade, cívico-militar resultou em uma ditadura que durou 20 anos no Brasil.
No Twitter, Mourão escreveu que “população brasileira, com apoio das Forças Armadas, impediu que o Movimento Comunista Internacional fincasse suas tenazes no Brasil”, discurso utilizado desde então para justificar a intervenção do Exército com o apoio de setores da elite civil no poder político nacional. “Força e Honra!”, celebrou o vice-presidente.
Braga Netto
Antes dele, o novo ministro da Defesa, o também general Braga Netto, divulgou nota na mesma linha nesta terça-feira (30). No texto, o ministro chama o golpe de “movimento de 31 de março de 1964” e não faz qualquer menção à ditadura que foi instalada posteriormente ou à dura repressão ocorrida neste período, onde reinou a censura e perseguição política. O general afirma no texto que o golpe de 1964 deve ser entendido “a partir do contexto da época”.
O documento omite e distorce fatos. Ao alegar que “a Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica” e que “havia ameaça real à paz e à democracia”, o ministro ignora as ditaduras, apoiadas ou toleradas pelos EUA, que se instauram em vários países latino-americanos sob a alegação desta suposta ameaça.
A nota diz ainda que os brasileiros saíram às ruas, apoiados pela imprensa, lideranças políticas e empresariais e pela igreja, o que teria resultado no que ele chamou de “movimento de 31 de março de 1964”. Braga Netto alega então que as Forças Armadas teriam supostamente assumido “a responsabilidade de pacificar o país” para “garantir as liberdades democráticas”.
O texto pula de 1964 para 1979, ignorando a violência ocorrida entre essas duas datas, e ressalta a aprovação da Lei da Anistia, que teria consolidado um “amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia”.
Cita desafios atuais do país “questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias” e afirma que as Forças Armadas estariam “na linha de frente, protegendo a população”.
“A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país”, acrescenta.
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