MANAUS – O governo do Amazonas informou na noite desta terça-feira (15) que não vai mais comprar soro com preço 349% mais caro que o vendido pelo mercado local, como o governador Wilson Lima (PSC) informou que o faria, na semana passada.
De acordo com matéria enviada pela Secretaria de Comunicação do Governo (Secom), fornecedores locais fizeram entregas do produto nesta semana para a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), acabando com a necessidade de importar soro mais caro de outros estados.
A informação, segundo a Secom, foi divulgada pelo vice-governador e secretário estadual de Saúde, Carlos Almeida Filho, durante reunião com fornecedores de medicamentos e Produtos para a Saúde (PPS).
Segundo a Secom, Carlos Almeida informou que o reabastecimento de soro foi possível depois de um fornecedor local informar que teria condições de atender a demanda da Cema até que o Estado faça novas aquisições de forma planejada.
“Com a medida, não houve a necessidade de realizar uma compra de emergência fora do Estado”, disse Carlos Almeida, por meio da Secom.
“Da feita que foi anunciada essa situação crítica do Estado, os fornecedores que tinham atas com o Estado do Amazonas acabaram informando que existia uma logística para fornecimento ao longo desta semana, que dispensaria a aquisição de forma aérea. E um dos motivos disso é justamente que o Estado se encontra em débito com esses fornecedores (das gestões passadas), o que teria causado uma evidente recalcitrância. Um dos motivos dessa reunião é inclusive para evitar que situações como essa se repitam”, afirmou Carlos Almeida, também pela assessoria.
No dia 10, Wilson Lima anunciou a compra emergencial de 300 mil unidades de soro, para evitar que o estado ficasse sem o insumo nos próximos cinco dias. Na ocasião, o governo informou que a aquisição poderia chegar ao montante de R$ 3 milhões, porque o soro viria do centro-oeste do país. Em entrevista, o governador disse que uma bolsa de soro custa em média R$ 2,67, mas que iria ter que pagar R$ 12 pela necessidade do produto ser transportado de avião.
“Não tem nenhum fornecedor no Amazonas que possa nos fornecer esse produto. Um produto que custa em média R$ 2,67 a unidade, nós vamos precisar trazer de Goiânia (GO) e vamos ter que pagar R$ 12 a unidade, porque ele vai vir de avião. Normalmente vem via terrestre ou fluvial, mas eu não posso colocar a vida das pessoas em risco”, disse o governador no dia 10.
Reunião
A Secom informou que Carlos Almeida Filho, realizou, nesta terça-feira a primeira reunião da nova gestão com fornecedores de medicamentos e Produtos para a Saúde (PPS) ao Estado.
No encontro, o titular da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) pediu a colaboração dos empresários no trabalho de reabastecimento de medicamentos, um dos principais problemas herdados por esta gestão no setor da saúde, segundo a Secom.
Carlos Almeida pediu aos fornecedores o compromisso de manter o abastecimento de medicamentos e PPS previstos em atas de registro de preços já aprovadas pelo governo, principalmente nos casos de itens essenciais para o funcionamento das unidades.
“Nós precisamos da colaboração dos fornecedores com o cumprimento das atas de registro de preço, até porque isso é lei. E precisamos que os fornecimentos que são emergenciais possam ser observados com a devida responsabilidade pelos fornecedores, para que não haja desabastecimento e prejuízo à vida nas unidades de saúde”, disse o vice-governador ao final da reunião.
Entre as obrigações do novo governo, Carlos Almeida disse aos 16 fornecedores que participaram da reunião que o Estado trabalhará para honrar com os pagamentos correntes, além de realizar uma análise criteriosa das dívidas em aberto deixadas pelas gestões anteriores. Outro compromisso assumido pelo secretário de Saúde foi dar transparência ao calendário de repasses às empresas, uma reivindicação antiga dos empresários.
“Temos que ter a responsabilidade com os pagamentos dos débitos correntes. É compromisso da gestão Wilson Lima o pagamento dos débitos correntes e a análise dos débitos pretéritos, com responsabilidade, para que o Estado cumpra sua parte, mas também que os defensores não deixem descobertas as obrigações contratuais”, afirmou Carlos Almeida.
O sócio administrador da Decares Comércio Ltda., Claudio Decares, se disse satisfeito com as informações discutidas na reunião e com a transparência que o novo Governo do Amazonas tem adotado na relação com os fornecedores de medicamentos.
“Isso demonstra que o trabalho está sendo feito com bastante transparência. Nós queremos trabalhar da forma mais correta possível. A gente avalia como muito positiva essa forma transparente de trabalho que o novo governo apresenta. Isso nos dá tranquilidade e, consequentemente, quem vai ganhar com isso é o povo”, disse o empresário.
Em visita à Cema na quinta-feira (10), o governador Wilson Lima constatou a situação crítica de fornecimento de itens básicos para a rede estadual de saúde. Além de 75% dos estoques zerados, o governador verificou a existência de remédios vencidos, que somam um prejuízo estimado em R$ 2 milhões. Na ocasião, Wilson Lima anunciou medidas para aquisição emergencial de medicamentos.