MANAUS – Nomeado pelo prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) no dia 6 deste mês como secretário Extraordinário de Articulação Política, Luís Alberto Carijó (PSDB) afirma que sua missão é de buscar conciliação e diminuir conflitos entre a prefeitura e os demais poderes e instituições.
Em entrevista ao ESTADO POLÍTICO, o secretário afirmou que o vereador Joelson Silva (PSDB), líder do governo tucano na Câmara Municipal de Manaus (CMM), conta com a “simpatia” do chefe do Poder Executivo na disputa pela presidência da Casa. Mas diz que Arthur não interferirá na disputa.
Carijó disse ainda que o atual presidente da CMM, vereador Wilker Barreto (PHS), não possui mais relação pessoal com Arthur Neto desde que saiu do “ninho” nas eleições de ano.
Abaixo, trechos da entrevista:
ESTADO POLÍTICO – Qual a sua tarefa como secretário extraordinário?
Carijó – Na verdade, eu sou secretário extraordinário e não há uma estrutura de secretaria, é um secretário que tem uma função extraordinária de articulação política institucional. Ele é um auxiliar do prefeito que visa estreitar a relação com os poderes legislativos, tanto do município quanto do estado e também com outras instituições. Mas acima de tudo é aparar arestas, é tentar conciliação, é tentar diminuir os conflitos, é tentar intervir no sentido de minimizar os problemas. Essa é a minha função. É uma função delicada, é escutar muito e falar muito pouco.
EP – Nesse sentido, como é que você avalia a relação entre o Poder Executivo municipal com o atual Poder Executivo estadual, que está encerrando? E quais as expectativas para o novo governo?
Carijó – Bom, em relação ao governo que se encerra, infelizmente, o Poder Executivo municipal, a cidade de Manaus, não pôde contar com o auxílio que merecia, que deveria contar, e que aliás é a obrigação de todos. Mas não vou me alongar na crítica à gestão que aqui se encerra, pois nem seria ético. Entretanto, nós esperamos que a nova gestão tenha a sensibilidade de ajudar, não o prefeito de Manaus, mas a cidade de Manaus e o povo que mora nessa cidade. São 59% da população do estado, 95% da economia, e ela é uma cidade-estado e merece ser tratada como tal. Deve ter o cuidado com a população que passou por uma crise muito profunda, muito grave e com grave empobrecimento, e com dificuldade de investimento, então cabe a nós, poder público, trabalhar por essas pessoas. Para isso que o prefeito foi eleito, para isso que o governador foi eleito.
EP – Já houve algum encontro oficial entre o prefeito e o governador eleito Wilson Lima (PSC)?
Carijó – Ainda não, mas eu acredito que ainda é muito cedo, o governador eleito Wilson lima ainda vai ser diplomado, ainda vai escolher seu secretariado, eu acho que quando ele definir a questão interna, é claro que a primeira coisa que ele deve fazer é conversar com o prefeito de Manaus, afinal, qualquer governador só governa um estado conversando com o prefeito da capital onde ele mora. Eu entendo que isso é uma condição de civilidade, da democracia. Todos esperam isso, inclusive as pessoas que votam no Wilson Lima.
EP – Quanto à relação da Prefeitura de Manaus com a Câmara Municipal, até antes das eleições, o presidente do Legislativo (Wilker Barreto) era um aliado de primeira hora do prefeito, mas as articulações políticas nas definições das candidaturas acabaram colocando eles em lados opostos. Como o Senhor define hoje a relação da prefeitura com o chefe do Legislativo municipal?
Carijó – A relação hoje é institucional. Claro que aquela relação pessoal, aquela amizade que existia, deixou de existir no momento em que o presidente Wilker Barreto abandonou, digamos, o ninho, e abraçou o governador Amazonino Mendes (PDT), numa chapa de oposição à chapa que o governador apoiou (Omar Aziz – PSD e Arthur Bisneto – PSDB). Mas a relação institucional continua existindo, é uma relação educada, civilizada, como tem que ser de um poder para outro.
EP – A CMM se aproxima de uma eleição da nova presidência, o líder do governo, vereador Joelson, é o candidato da prefeitura?
Carijó – A prefeitura governa a cidade de Manaus, e claro que o Poder Legislativo tem uma grande importância, é um poder dentro do município, mas quem elege o presidente da Casa são os vereadores, não cabe ao prefeito intervir no processo de eleição da Câmara Municipal. É claro que o vereador Joelson, por contar com a simpatia do prefeito, por contar com a interlocução farta, aberta e frontal com o prefeito, tem, é claro, de todos nós, a simpatia. Mas quem elege é o Poder Legislativo, em razão de suas próprias questões internas e políticas. O que nós queremos de qualquer candidato é que respeite a cidade, respeite a harmonia entre os poderes, respeite esse entendimento. E com toda certeza o vereador Joelson já tem essa relação, então seria muito mais fácil.