Da Redação |
O Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-AM (Ministério Público do Amazonas) pediu à Justiça Estadual a prisão preventiva e a suspensão da função pública do delegado da PC-AM (Polícia Civil do Amazonas), Ericson de Souza Tavares, preso em flagrante em 23 de março, em Manacapuru, suspeito de crime crimes de extorsão mediante sequestro, porte de arma de fogo, associação criminosa, entre outros. Além dele, outros oito agentes públicos também foram presos.
No pedido, a procuradora Neyde Regina Trindade e o coordenador do Caocrimo/Gaeco, promotor Igor Starling Peixoto, afirmam que a participação do delegado é “induvidosa”. “(…) há fortes indícios de que ele faz parte de uma associação criminosa armada que realiza extorsão mediante sequestro em evidente abuso de autoridade. Não há como desconsiderar a gravidade concreta das condutas praticada pelo Paciente, agente policial que deveria atuar protegendo a população”, diz trecho do pedido.
De acordo com o Ministério Público, embora o delegado seja primário e não responda a outros processos criminais, há indícios que o grupo já esteve envolvido em mais de uma extorsão mediante sequestro, onde a vítima foi seriamente agredida.
O MP-AM afirma que Ericson de Souza cometeu “verdadeira afronta à Justiça” ao publicar nas redes sociais, no dia 28 de junho, um vídeo (ver abaixo) após conseguir liberdade provisória.
“No vídeo, o Paciente, além de cantar funk e usar palavrões, mostra o dedo do meio e zomba da situação que levou à sua prisão. A atitude do agente causou
indignação entre os internautas, que consideraram a ação um desrespeito às investigações e às vítimas dos crimes de extorsão e sequestro pelos quais ele e outros policiais foram acusados. Não se pode ignorar o fato de que Ericson de Souza Tavares é delegado da polícia civil, o qual detém poder e influência inerentes ao cargo público. Tal circunstância somada à publicação de vídeo nas redes sociais, em que escarnece do Poder Judiciário, cria medo nas vítimas e frustração nos agentes públicos que procederam à prisão do ora Paciente, temendo, inclusive, pelo êxito da sequência da investigação”, diz outro trecho do pedido.
O MP-AM avalia que com as provas existentes e os indícios suficientes de autoria, a prisão preventiva do delegado para a garantia da ordem pública é medida necessária. “(…) ainda mais quando considerado que o agente insinua em suas redes sociais que está acima da lei”.
No cargo de delegado, o Ministério Público argumenta que Ericson pode afetar as investigações, “seja pelo prestígio, influência, aproximação corporativa com outros funcionários, poder de mando, e até acesso a dados sigilosos que ainda não possam ser conhecidos”.
O caso
Nove agentes da Segurança Pública do Amazonas foram presos em flagrante, no dia 23 de março deste ano, em Manacapuru, suspeitos de crime crimes de extorsão mediante sequestro, porte de arma de fogo, associação criminosa, entre outros.
Os policiais civis foram identificados como o delegado Ericson de Souza Tavares, titular do 6º DIP (Distrito Integrado de Polícia), e os investigadores Eliezio Alencar de Castro, Anderson de Almeida Maia, e Alessandro Edwards da Cruz.
Os policiais militares presos foram identificados como o sargento Alexandro Conceição dos Santos, os cabos Elson Nascimento de Souza, Ueslei Rodrigues da Silva, Kemer Cruz Pimentel, Edvaldo Ewerton Pinto de Souza, e Germano da Luz Júnior.
Além dos nove agentes de polícia, também foram presos dois civis.
O grupo já estava sendo investigado pelas polícias Civil e Militar e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), além da Promotoria de Justiça de Manacapuru.
‘Não iremos passar a mão na cabeça’, diz secretário sobre prisão de delegado
O secretário de Segurança Pública (SSP-AM), coronel Vinicius Almeida, afirmou no dia 25 de março, em coletiva à imprensa, que o estado não irá “passar a mão na cabeça” de agentes públicos que cometam crimes, em referência à prisão de um delegado, policiais civis e militares no sábado, 23, em Manacapuru, pelo crime de extorsão mediante sequestro.
“Nós não iríamos, de maneira alguma, passar a mão na cabeça de quem comete qualquer tipo de deslize. Quem sai da linha tênue que é defender a sociedade em detrimento de se locupletar pelo crime não iriamos coadunar em nenhum momento com isso. Não vamos coadunar com nada de errado. Não é algo simples, não é uma ocorrência que nos causa orgulho, mas são os ossos do ofício”, disse o secretário na ocasião.
Além do secretário de Segurança, participaram da coletiva o comandante-geral da PM-AM, coronel Klinger Paiva; o delegado-geral Bruno Fraga e o corregedor-geral da SSP-AM, coronel Franciney Machado Bó.
“Não cabe a nós aqui fazer juízo de valor mas, disponibilizar ao judiciário para que ele possa conduzir o processo penal devido neste caso, claro, com a ampla defesa dos envolvidos, mas, não podemos deixar em momento algum de valorizar os bons policiais na defesa da sociedade amazonense”, declarou o coronel na coletiva.