MANAUS – A pedido do governador Wilson Lima, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou a atuação da Força Nacional de Segurança Pública, por até 90 dias, em Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Lábrea e Manicoré. Esses municípios, onde há uma parcela maior de áreas federais, concentram a maior parte dos incêndios florestais do estado.
Wilson apresentou nesta segunda-feira (10), no Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), o planejamento e as primeiras ações do Governo do Amazonas neste início do período de estiagem (seca) para conter focos de incêndio, em especial na região sul do estado conhecida como “arco de fogo”.
Na ocasião, o governador destacou a redução de 55% no desmatamento no estado do Amazonas, no primeiro semestre deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2022, e comentou que o Estado fica em alerta durante todo ano, mas com atenção especial no período de estiagem com uma operação integrada. Os dados são do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“A gente tem o pessoal do nosso Corpo de Bombeiros lá na região (sul), nós temos os voluntários formados também pelo nosso Corpo de Bombeiros, trabalhadores da prefeitura, dos departamentos de Meio Ambiente, temos agora o envio dos homens da Força Nacional que também vão integrar essa operação; lembrando que a operação Tamoiotatá é permanente. A gente reforça o efetivo nesse período do ano em que aumentam as queimadas e também o desmatamento”, ressaltou Wilson Lima.
O reforço do Governo do Estado se dá com a Operação Aceiro 2023, que inicia hoje e integra a Operação Tamoiotatá 3 – uma força-tarefa que reúne órgãos de segurança pública e de meio ambiente na repressão a crimes ambientais em áreas críticas de desmatamento e queimadas. A Operação Aceiro leva reforço de pessoal e viaturas para combater focos de incêndios florestais na região Sul do estado.
Participaram do evento no Centro de Monitoramento do Ipaam os secretários estaduais de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, e de Segurança Pública, general Carlos Alberto Mansur; o diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente; o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Orleilso Ximenes Muniz e o secretário Executivo de Defesa Civil do Amazonas, coronel Francisco Máximo.
Também acompanhou o governador o chefe do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), Randy Moore, que cumpre agenda no Brasil. O órgão e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) têm parceria com o governo brasileiro na gestão e conservação de áreas protegidas, incluindo o manejo do fogo.
Inaugurado pelo governador em novembro de 2021, o Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas do Ipaam possui tecnologia de ponta com uso de imagens de satélites. O centro reforçou os trabalhos de fiscalização e monitoramento de desmatamento e queimadas ilegais e deu agilidade aos processos de licenciamento e vistorias ambientais no Amazonas.
Plano
Segundo o secretário Eduardo Taveira, a ação apresentada também faz parte do Plano Estadual de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Queimadas do Amazonas, um decreto assinado pelo governador no dia 5 de junho. Com esse preparo antecipado e integrado, a expectativa é de resultado positivo.
“Vale dizer que cada vez mais há um link entre a criminalidade tradicional e o tráfico de drogas com os crimes ambientais, por isso que essa mobilização tem sido importante para reduzir esses índices, em especial no Sul do estado”, observou o secretário de Meio Ambiente.
Reforço
Nesta segunda-feira, embarcou para municípios do Sul do estado uma tropa do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, com 74 bombeiros militares e dez viaturas, como parte da primeira fase da Operação Aceiro 2023, reforçando o combate a incêndios florestais.
“Desde março nós estamos no terreno, primeiro capacitando os brigadistas municipais e agora enviamos o primeiro módulo de combate ao incêndio, são 74 bombeiros e 10 viaturas que já foram deslocadas na região conhecida como o arco do desmatamento e vamos permanecer até novembro”, informou o comandante Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Orleilso Ximenes Muniz.
De janeiro ao dia dois de julho deste ano, a Amazônia Legal registrou 14.079 focos de incêndio. Desses, 412 (2,9%) estão no Amazonas, o que torna o estado o 6º lugar no ranking de queimadas dos nove estados que compõem esse território. A região sul do estado concentra a maior parte dos focos. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
A Aceiro integra a Operação Tamoiotatá 3, coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM) e que conta com a parceria da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); brigadistas civis; servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo a Defesa Civil do Amazonas, a estimativa é de que a estiagem deste ano seja mais intensa, dada a influência do fenômeno climático El Niño, que inibe a formação de nuvens de chuva permitindo que mais radiação chegue à superfície, resultando em temperatura elevada, propício à propagação de fogo na vegetação seca.