MANAUS – O deputado estadual Fausto Júnior (MDB-AM) afirmou estar sendo ameaçado de prisão pelo presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), na sessão desta terça-feira (29) da comissão. “Tem medo porque vai sair preso. Foram essas as palavras”, declarou Fausto.
Relator da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Fausto foi convocado para prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga ações e omissões do governo federal durante a pandemia e da crise do oxigênio no Amazonas na segunda onda da pandemia no Estado, em janeiro deste ano.
Fausto tinha sido questionado por senadores o motivo dele, como relator da CPI da ALE-AM, não ter indiciado o governador Wilson Lima (PSC) por supostas irregularidades na gestão da Saúde.
O deputado respondeu que não teria como porque aprovar o indiciamento dependeria de votação da comissão, mas que, como a CPI investigou fatos ocorridos desde 2011, teria condições de indiciar ou de propor o indiciamento de vários governadores, inclusive Omar, que foi chefe do Executivo do Amazonas entre 2010 e 2014.
“Todos os governadores indiciados pela CPI mereciam ser indiciados, eu propus isso no âmbito da comissão e não foi aceito, o relatório é votado”, declarou Fausto. “O certo era para ser indiciado, inclusive, o senador Omar Aziz pela gestão dele na saúde”, completou.
A declaração desencadeou uma discussão acalorada. Fausto lembrou da operação Maus Caminhos e fez acusações contra Omar sobre os pagamentos indenizatórios.
Omar respondeu. “Quem faz processo indenizatório não é o governador do Estado, são as secretarias”.
“É por isso que vossa excelência não foi indiciado”, rebateu Fausto.
“É porque não tenho culpa”, devolveu Omar.
“Nem o governador Wilson Lima”, emendou Fausto.
Omar citou o fato da mãe de Fausto ser membro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) e que o órgão auxiliar da ALE-AM aprovou os processos citados pelo deputado. O senador disse que a prática dos processos indenizatórios não é a ideal, mas não significa que há crime.
E já no acalmar dos ânimos, Fausto questinou: “Senador, eu estou sendo ameaçado? Eu tô sendo ameaçado. Eu acabei de ser ameaçado”.
“Eu falo do seu governo e vossa excelência me ameaça de prisão”, completou. “Eu tô falando a verdade e acho que esse é o problema”.
“Não é verdade isso, deputado, mas tudo bem. Vamos tocar. Não estou lhe ameaçando. O senhor está bem protegido”, disse Omar.
“Tem medo porque vai sair preso. Foram essas as palavras”, disse Fausto.
Citado por Omar na discussão e correligionário de Fausto, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) ressaltou que objeto da CPI é a pandemia de Covid-19 e disse que o principal responsável pela crise no Amazonas seria o governador Wilson Lima. Braga negou que estivesse atuando no socorro de Fausto durante o depoimento. “Não estou aqui para socorrer o deputado Fausto Júnior, que é maior de idade, é deputado e está aqui na condição de relator de uma CPI e não de investigado”, disse.
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