MANAUS – Estudo do Imperial College of London publicado nesta sexta-feira (8) aponta que cerca de 10,6% da população do Amazonas já está infectada pelo SARS-CoV-2, o coronavírus causador da Covid-19.
O estudo estima que, dessa forma, 448 mil pessoas estão infectadas em todo o Estado, levando em consideração uma população de 4.207.714 pessoas.
A pesquisa foi feita com base nos números oficiais do Ministério da Saúde brasileiro registrados entre 25 de fevereiro, quando o primeiro caso foi confirmado no País, e esta quinta-feira (7). Até esta data, o Amazonas tinha 10.099 casos confirmados da doença e 806 mortes (no dia seguinte registrou 10.727 confirmações e 974 óbitos).
Essa incidência do vírus na população é chamada de “attack rate” (taxa de ataque, em inglês). Com seus 10,6%, o Amazonas tem a maior taxa de ataque estimada entre os 16 estados analisados. Para se ter uma noção, o estado com a segunda maior taxa de incidência é o Pará, com menos da metade (5,05%).
A incidência de pessoas contaminadas no Amazonas, no entanto, pode ser muito maior levando em consideração as mortes subnotificadas.
Se a subnotificação de óbitos for de 33%, a estimativa é de que a taxa de ataque chegue a 15,4% da população. Caso o índice de mortes por Covid-19 não confirmadas alcance 50% dos casos, a projeção é de que 19,9% esteja contaminada. E no caso da subnotificação ser de 67%, até 31,8% pode já estar infectada (com média de 27,7%).
Transmissão alta e lockdown
O estudo do centro de pesquisas britânico aponta ainda que o Amazonas tem a terceira maior taxa de transmissão da doença, com 1.58, atrás apenas do Pará (1.9) e do Ceará (1.61). Todos os 16 estados analisados, que são os que registravam acima de 50 mortes reportadas até então, registraram uma taxa maior que 1.
“O número de reprodução acima de 1 significa que a epidemia ainda não está sob controle e continuará a crescer”, informa o estudo, assinado por 63 cientistas.
Diante dos números brasileiros, os pesquisadores reforçam a necessidade adoção de medidas mais duras para frear a disseminação do vírus.
“Essa tendência (registradas nos 16 estados brasileiros analisados) contrasta com outros importantes focos da epidemia de COVID-19 na Europa e Ásia, onde lockdowns obtiveram sucesso em reduzir o número reprodutivo para abaixo de 1”, ressaltam os pesquisadores.
“Embora em escala nacional a epidemia brasileira ainda seja relativamente inicial, nossos resultados sugerem que mais ações são necessárias para limitar a disseminação e prevenir sobrecarga do sistema de saúde”, atestam.
Conforme o estudo “Report 21 – Estimating COVID-19 cases and reproduction number in Brazil”, o Brasil é atualmente o epicentro da Covid-19 na América Latina, mesmo tendo conseguido reduzir a disseminação.
“No início da epidemia, o número de reprodução (uma medida de intensidade de transmissão) indicava que um indivíduo infectado infectava em média três a quatro outras pessoas. Após a implementação de intervenções não-farmacológicas como fechamento de escolas e redução da mobilidade da população, mostramos que o número de reprodução caiu substancialmente nos estados”, observam os cientistas.
O estudo, em inglês, pode ser lido aqui.