Da Redação
A noite de quinta-feira (10) em Manaus foi marcada por mais um deboche do crime organizado frente ao Estado. E por levar a sociedade a se questionar mais uma vez: estamos seguros nas nossas casas?
O foguetório em toda a capital do Amazonas, que se atribui ao “crime organizado”, não foi o primeiro e pelo que percebemos nem vai ser o último. Mas foi mais um golpe no Estado que não pode ficar no lugar do “foi só mais um. Amanhã a manchete na imprensa será outra coisa”.
A sociedade precisa de uma resposta, sentir-se segura. E o Estado, faz tempo, não passa essa segurança.
Não é possível fingir que está tudo bem.
Não é normal viatura ser fuzilada na frente de um órgão do Poder Judiciário à luz do dia. E o Estado ter que se esconder para poder fazer audiência de custódia.
Não é normal atentados a locais públicos e a população passar o dia em casa até ser avisada sobre a hora que é seguro por a cara na janela.
Não é normal facção criminosa comemorar seu sucesso ou o de seus membros com queimas de fogos, desenhando no céu onde o tráfico opera, e o Estado não saber até hoje como atacar a origem do problema.
E não é normal que seja impossível a essa altura do campeonato que coisas como essas aconteçam. Infelizmente, acontecem.
O problema é o conforto com que são feitas. É o escárnio.
A resposta do Estado, horas depois, foi comunicar que prendeu algumas dezenas, aqueles que acenderam os fogos.
Mas, e aí?
Vamos ficar nessa? Prendendo os fogueteiros e achando que assim o Estado vai recuperar o respeito? Assim como se prende todos os anos centenas de pobres, pretos, nas periferias, com trouxinhas de maconha na cueca, e propagar nos microfones da imprensa que se está combatendo o crime organizado?
Não está funcionando. Não se tem notícia de fogos riscando o céu de Manaus para comemorar o quanto estamos seguros nas nossas casas e muito menos fora delas. Não, né?
Isso já está mais que claro.
Tão claro quanto o céu de Manaus em noites como a desta quinta-feira (10).