Da Redação |
Reportagem da Folha de São Paulo publicada neste domingo (22) mostra que escavações realizadas no município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, arqueólogos encontraram elementos de uma região densamente povoada, com presença antiga e contínua de populações tradicionais.
A descoberta revela ocupação indígena naquela região de pelo menos 2 mil anos. A informação, segundo os arqueólogos, é decisiva para a ocupação do restante da Amazônia. Os achados foram encontrados em pequenos rasgos na terra, feitos em apenas dois pontos na cidade.
A descoberta na cidade mais indígena do Brasil, no extremo noroeste do Amazonas, contraria o discurso e o imaginário que atribuem à região, com o de esvaziamento populacional, de isolamento aprofundado e de desconexão com o restante do território amazônico.
Segundo a Folha, após dois processos de escavação, em 2019 e em 2022, o Parinã (Programa Arqueológico Intercultural do Noroeste Amazônico) elaborou os primeiros relatórios sobre as peças encontradas, principalmente fragmentos de cerâmica, no quintal do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e na praça da diocese de São Gabriel da Cachoeira.
O trabalho tem a participação de indígenas que estudam arqueologia na UEA (Universidade do Estado do Amazonas.
Segundo a reportagem, o material encontrado nas escavações, as características detectadas e a conexão com a ancestralidade geraram um sentimento de identificação e pertencimento entre os indígenas.
“Esse sentimento foi mais forte entre as mulheres indígenas mais velhas, que notaram semelhanças com a cerâmica desenvolvida por elas na atualidade”, informa a Folha.
A análise dos fragmentos, levados ao Musa (Museu da Amazônia), em Manaus, envolve uma avaliação de características das fases de ocupação da Amazônia, datações radiocarbônicas, para identificação do período em que aquela cerâmica ou carvão foram queimados.
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