MANAUS – Em recurso ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), o Ministério Público do Estado (MP-AM) pediu a prisão preventiva de Alejandro Valeiko, réu pelo homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues, crime ocorrido em 2019.
O pedido feito em primeira instância foi negado e apresentado na segunda instância na semana passada. Ainda não há decisão.
Enteado do prefeito Arthur Neto, Alejandro teve a prisão preventiva revogada no fim de março, após a defesa dele argumentar que não haveria risco de fuga e que, quando foi monitorado eletronicamente, não descumpriu as medidas cautelares impostas (como deixar a cidade).
Alejandro, no entanto, segundo relato do MP-AM no recurso à Justiça, “rompeu a tornozeleira eletrônica que usava, quando se encontrava dormindo em local diverso do informado ao Juízo como sendo seu endereço”.
O advogado Diego Marcelo Padilha disse ao ESTADO POLÍTICO que a tornozeleira de Alejandro rompeu acidentalmente.
“Nós mesmos que informamos a Justiça sobre o rompimento antes mesmo de qualquer recurso do Ministério Público. O pedido do Ministério Público já foi até negado pela própria juíza, pois tudo foi devidamente informado e esclarecido. E isso já tem semanas”, afirmou Padilha.
Argumentos
No recurso especial ao TJ-AM, o promotor Márcio Pereira de Mello destaca que outros réus da morte de Flávio Rodrigues (Mayc Vinícius Parede e Elizeu da Paz de Souza) estão presos.
Para ele, os argumentos usados para manutenção da prisão de Mayc e Elizeu também se aplicam a Alejandro, sendo eles a garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e garantia da aplicação da lei penal.
Mello argumenta que a soltura de Alejandro e dos demais réus “constitui em ameaça efetiva à ordem pública e social”.
“Diante do modo de execução, indicam a extrema gravidade do fato, justificando a decretação da custódia preventiva para proteger o meio social, assegurando a livre da manifestação de testemunhas, para que não sejam assediadas pelo poder econômico do réu e colheita de provas na instrução criminal, e garantindo aplicação da lei penal, além da credibilidade da justiça”, defende o promotor no recurso.
“Muito embora, tenha sido denunciado por omissão imprópria no crime de homicídio, emergem fortes indícios, a serem devidamente apurados na instrução criminal, que o referido acusado seja o próprio mandante do crime, isso porque foi o mesmo que acionou os executores, que agiram sob suas ordens”, diz o promotor aos desembargadores.
O advogado Diego Marcelo Padilha, por sua vez, afirmou ao site que a prisão do Alejandro é desnecessária e que seria injusta se fosse decretada. “Ele está cumprindo todas as determinações”, declarou.
A defesa, segundo Padilha, já se manifestou a respeito do pedido do MP-AM nos autos do processo.
Preso duas vezes
Alejandro é filho da primeira-dama de Manaus, Elisabeth Valeiko. A casa do enteado do prefeito Arthur Neto, em um condomínio da Zona Oeste, foi o último local onde a vítima foi vista com vida no dia 29 de setembro de 2019.
Após ser indiciado, ele passou 20 dias preso no Centro de Detenção Provisória Masculino 1 (CDPM 1) e deixou o local após decisão liminar do STJ (Superior Tribunal de Justiça), concedida no dia 26 de dezembro.
O filho da primeira-dama passou a cumprir prisão domiciliar, até ser preso novamente em 17 de março. A prisão foi revogada uma semana depois pela juíza do caso, Ana Paula de Medeiros Braga, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, após recurso da defesa.
Desde então, Alejandro segue em prisão domiciliar.