Por Lúcio Pinheiro |
Ao trocar insultos em uma disputa pessoal com o vereador Amom Mandel (Cidadania) sobre quem fala a verdade a respeito do Projeto de Lei n. 150/2022, na quarta-feira (8), o líder do prefeito na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Marcelo Serafim (Avante), desafiou o vereador de oposição a ir até a bancada dele mostrar quem está mentindo na história.
“Eu desafio o nobre colega a vir aqui na minha bancada e me mostrar onde que está, a não ser nessa mente que só pensa em distribuir para a sociedade informações falsas, aonde é que está no projeto do prefeito David, que os ônibus vão ter 20 anos. Vossa Excelência precisa repor essa verdade, puxa aqui o projeto e me mostra”, disse Marcelo.
Motivo da briga
O Projeto de Lei n.150/2022, da Prefeitura de Manaus, foi aprovado na segunda-feira (6). A matéria altera a Lei n. 1.779/2013, que trata do Transporte Público de Passageiros na capital do Amazonas.
Com o Projeto de Lei n.150/2022, a prefeitura inseriu na Lei n. 1.1779/2013 os transportes Executivo e Alternativo no sistema, dando a eles a condição de complementares ao transporte convencional.
No entanto, a prefeitura acrescentou na redação outras mudanças. Uma que chamou a atenção foi a retirada do limite de 10 anos de vida útil para a frota de veículos que atua no sistema.
Para a oposição, com a retirada do limite de 10 anos de vida útil, a prefeitura abre caminho para que ônibus mais velhos atuem no sistema. Se não fosse com essa intenção, não teria motivos para mudar a lei nesse ponto.
Marcelo nega que a intenção da prefeitura seja permitir o envelhecimento da frota.
Durante a discussão da matéria, na segunda-feira, o líder do prefeito afirmou que é possível garantir qualidade no transporte de passageiros com ônibus com mais de 10 anos. Deu como exemplo a cidade de Curitiba (PR), referência nacional em mobilidade urbana.
Nesta quarta-feira, Marcelo voltou ao assunto. Ele lembrou que a matéria aprovada na segunda-feira preparava o setor para receber os ônibus elétricos que a prefeitura de Manaus está adquirindo. Segundo o vereador, esses veículos têm vida útil de no mínimo 20 anos.
“Então, quando a gente faz aquela alteração [na Lei n. 1.779/2013] e algumas pessoas de forma maldosa dizem que a gente quer colocar para rodar na cidade de Manaus cacareco, na verdade, nós estamos abrindo espaço para que novas matrizes cheguem, como essa”, afirmou Marcelo.
Após a fala de Marcelo, Amom insinuou que o vereador mentia. Porque se falasse a verdade a prefeitura teria deixado claro na redação da lei aprovada na segunda-feira a excepcionalidade do limite de vida útil apenas para ônibus elétricos.
“Se as palavras ditas pelo líder forem verdadeiras quanto à intenção do legislador nesse projeto de lei, então que o Executivo deixe claro que a idade de 20 anos deverá ser para os ônibus elétricos e não para todo tipo de ônibus. Infelizmente, a abertura e a abstração contida no texto de projetos de lei que muitas vezes são aprovados na Casa colocam em dúvida, sim, a intenção do Executivo, o próprio texto que o Executivo mandou, se o texto fosse mais exato, não teríamos esse tipo de dúvida”, disse o vereador do Cidadania.
Marcelo não gostou do comentário e pediu respeito de Amom.
“Eu falo nesse momento até pedindo respeito por parte do nobre colega que quando um vereador falar, e nenhum outro vereador usa o microfone para falar mentiras, quando um vereador fala, ele que fala tanto em respeito, ele tem que respeitar mais os outros”, disse Marcelo.
O líder do prefeito então devolveu a pecha de mentiroso para Amom, dizendo que o colega de parlamento tem uma mente que trabalha à base de informações falsas e da desonestidade.
“Porque Vossa Excelência fala em 20 anos, joga isso em suas transmissões, jogando a sociedade contra esse plenário, e aí eu digo, meu nobre colega, de forma desonesta. Isso é desonestidade. Honestidade é falar a verdade. O projeto não fala em 20 anos e Vossa Excelência sabe disso. Vossa Excelência disse ontem, e eu disse que era falta com a verdade na hora, que eu teria dito que os ônibus vão ter 30, 40 anos. Tente ser mais descente com os seus pares. Tente ser minimamente mais honesto”, afirmou Marcelo.
Na réplica, Amom disse que poderia falar o mesmo de Marcelo.
“Foi dito aqui que estou mentindo, estou dizendo aqui o que a lei diz no seu texto, simples e claro. Pergunto: o texto está errado ou Vossa Excelência não sabe interpretar? Se eu fosse me referir aqui a outras pessoas que mentem nesse parlamento, da forma como Vossa Excelência se referiu a mim, precisaria me referir todos os dias, inclusive contra Vossa Excelência. Me respeite. Não me acuse injustamente. E Vossa Excelência sabe que o que estou falando aqui é o que está dito na lei”, disse Amom.