MANAUS – Vindo de Brasília, o governador Wilson Lima (PSC) está a caminho de Manaus, nesta terça-feira (30), quando a Polícia Federal cumpre mandados da operação Sangria, na capital.
Em nota, o Governo do Amazonas informou ainda que aguarda o desenrolar e informações mais detalhadas da operação para, posteriormente, se pronunciar sobre a ação.
Segundo a nota, o governador estava em Brasília para cumprir agenda de trabalho.
Estão sendo cumpridos nesta manhã 20 mandados de busca e apreensão, e oito mandados de prisão temporária.
Wilson Lima é alvo de buscas e bloqueios de bens.
A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo afirma que o esquema investigado era comandado pelo governador.
A investigação é sobre compra de respiradores pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam). A PF apura possíveis práticas de crimes, como pertencimento a organização criminosa, corrupção, fraude a licitação e desvio de recursos públicos federais.
A PF afirma ter provas e indícios, revelando o desvio de recursos públicos federais que eram destinados ao sistema hospitalar estadual, em razão da emergência de saúde pública provocada pelo novo coronavírus.
Conforme a PF, o desvio das verbas federais ocorreu mediante fraude na contratação de empresa para fornecimento de respiradores.
“Evidenciou-se o direcionamento da compra para empresa cuja atividade era/é a comercialização de vinhos”, diz a nota da PF.
“Os ventiladores mecânicos hospitalares entregues ao Estado do Amazonas, pela referida empresa, não possuíam as especificidades técnicas necessárias para a adequada utilização no tratamento médico”, prossegue.
“Ademais, foi detectado o superfaturamento do preço do equipamento. Laudo pericial produzido pela PF no inquérito, constatou que, se considerado o valor máximo de mercado dos equipamentos, o sobrepreço praticado em cada unidade dos ventiladores mecânicos adquiridos corresponderia a R$60.800,71, ou seja, 133,67% a mais em relação ao valor de mercado, totalizando a quantia de pelo menos R$1.702.419,88, até R$2.198.419,88, sob suspeita de desvio”, acrescenta.
“Além disso, a investigação policial identificou que a verba pública federal transferida à empresa contratada foi, em seguida, remetido a conta bancária no exterior, pertencente a uma outra pessoa jurídica, aparentemente de fachada, havendo indícios de possível prática de crime de lavagem de dinheiro”, conclui.
A operação, que é a fase ostensiva fo inquérito, tem a cooperação do Ministério Público Federal (MPF), da Controladoria Geral da União (CGU) e da Receita Federal do Brasil (RFB).
Os mandados foram expedidos pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em nota, o MPF afirma que registros encontrados pelos investigadores comprovam a ligação entre agentes públicos e empresários envolvidos na fraude.
“Os fatos ilícitos investigados têm sido praticados sob o comando e orientação do governador do estado do Amazonas, Wilson Lima, o qual detém o domínio completo e final não apenas dos atos relativos à aquisição de respiradores para enfrentamento da pandemia, mas também de todas as demais ações governamentais relacionadas à questão, no bojo das quais atos ilícitos têm sido praticados”, destacou a subprocuradora Lindôra Araújo, no requerimento das cautelares dos mandados.