Da Redação |
Representantes da concessionária Amazonas Energia admitiram nesta quinta-feira (17), em audiência pública, que a empresa falhou na comunicação da decisão de fazer a troca de medidores de energia em Manaus.
A Amazonas Energia iniciou neste ano a instalação de medidores de energia que permitem à empresa aferir o consumo dos clientes sem necessariamente ir até a residência. O mecanismo provocou desconfiança e o trabalho acabou sendo barrado por uma decisão da Justiça no dia 21 de janeiro.
“Quero reconhecer que a Amazonas Energia precisa melhorar sua comunicação. Isso é um fato. Já estamos trabalhando nisso, reformulando toda a estratégia de comunicação. Reconhecemos essa necessidade de melhoria, seja capital ou interior. Para que o consumidor entenda que o novo sistema vai fazer nada mais nada menos que medir como o sistema convencional, porém com comunicação mais ágil, com transparência”, disse o diretor-técnico da empresa, Rodrigo Moreira.
O diretor-técnico rebateu a afirmação de que o aparelho é um protótipo. Segundo Rodrigo, o aparelho é utilizado no país há quase duas décadas.
“Não é protótipo. Isso está no Brasil desde 2004, já homologado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), se modernizando ao longo do tempo, principalmente com relação à comunicação. Tem mais de 3 milhões de clientes no Brasil já atendidos com essa nova tecnologia”, afirmou Rodrigo.
“Nós pecamos na comunicação, isso é evidente. Fizemos uma análise de tudo isso e realmente a gente pecou na comunicação. Esse é um projeto que a gente deveria ter iniciado com uma audiência pública, dando ciência à esta Casa (CMM), à ALE-AM”, disse o vice-presidente da Amazonas Energia, Radyr Oliveira.
A empresa chama os novos equipamentos de “medidores inteligentes”. Durante a audiência, os representantes da empresa não deixaram claro o motivo do investimento feito nesses aparelhos, diante da falta de investimento na qualidade do serviço essencial, que é o fornecimento de energia.
Um ponto comum na fala dos parlamentares que participaram da audiência foi a de que a privatização do serviço no Estado não melhorou sua qualidade.
Rodrigo afirmou que o investimento no sistema está relacionado ao faturamento da empresa, o que segundo ele é um desafio no Amazonas.
O diretor técnico afirmou que 44% da energia gerada pela empresa não é faturada. Desse total, 36% são roubados em ligações clandestinas.
Radyr ponderou que substituir os aparelhos analógicos é um passo para o futuro. E que os novos equipamentos permitirão, por exemplo, o uso de aplicativos para que o cliente acompanhe no celular o consumo de energia em tempo real, melhorando a transparência entre empresa e consumidor.
A audiência para discutir a polêmica dos novos medidos foi realizada na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Participaram da discussão representantes da empresa, parlamentares da CMM e da Assembleia Legislativa (ALE-AM), da Defensoria Pública (DP-AM), do Governo do Amazonas e da sociedade civil.
Sob suspeita
A instalação de novos medidores ocorre no momento em que fiscalizações do Instituto de Pesos e Medidas do Amazonas (Ipem) apontaram que não é possível confiar nem nos medidos atuais.
Duas fiscalizações identificaram 30 medidos com falha de leitura de consumo.
“Em alguns casos, com o erro de medição, o valor cobrado chegava a ser o dobro”, informou o Ipem no último dia 14.
Os laudos do Ipen-AM referentes às fiscalizações de janeiro e fevereiro foram enviados para a Amazonas Energia, para que a empresa possa se manifestar.
A concessionária terá dez dias para apresentar defesa junto ao órgão, podendo resultar em advertência ou multa.
O Ipem informou que os novos modelos de medidores (SMC) instalados pela Amazonas Energia também estão sendo fiscalizados pelo Ipem. Mas até o momento não foi divulgada nenhum resultado.
Estima-se que mais de 11 mil novos aparelhos tenham sido instalados.