Por Lúcio Pinheiro |
O deputado estadual Adjuto Afonso (União Brasil) cobrou nesta segunda-feira (3), em sessão plenária da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Amazonas), represália e posicionamento do Parlamento estadual contra ação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais) que tenta regularizar a criação de gado no sul do Amazonas.
“É preciso, sim, ter algum tipo de represália a essas pessoas”, disse Adjuto, ao criticar a ação do Ibama, que está notificando criadores de gado a retirarem animais de terras embargadas. De base eleitoral no interior, o deputado cobrou os colegas a defenderem mais as pautas dos municípios e não somente a Zona Franca de Manaus (ZFM).
Adjuto classificou o trabalho do Ibama de “desmando” e cobrou uma posição da ALE-AM. “Quero fazer um chamamento para que essa Casa tome posição com relação a esses desmandos que estão acontecendo no Estado do Amazonas, principalmente no sul do Amazonas, que envolve os municípios de Lábrea, Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Manicoré, no distrito de Matupi. Hoje, a produção, a pecuária, nesses municípios, talvez seja a maior do Estado”, afirmou.
Para o parlamentar do União Brasil, a legislação ambiental no Amazonas é muito dura com o setor primário. Isso, para ele, explicaria o sucesso de estados vizinhos, como Rondônia, que teriam leis mais flexíveis.
“Esses estados buscam alternativas e nós aqui ficamos à reboque da ZFM. Essa Casa precisa se posicionar para que não sejamos culpados porque não fizemos nada”, cobrou Adjuto.
Ao fazer a provocação aos colegas, Adjuto lembrou do peso do voto do eleitor do interior na composição atual da ALE-AM. “Corremos o risco de na próxima eleição sermos rechaçados por esses eleitores. Então, quero aqui pedir o apoio de todos nós, pedir que a Assembleia encabece esse movimento, tipo uma Assembleia itinerante, que vá aos municípios ouvir as comunidades, defender esses interesses”, declarou Adjuto.
“As pessoas estão se revoltando. Por que só o Amazonas [não pode ter pecuária]? Por que Rondônia tem um pujante agronegócio, uma pecuária forte?”, indagou o parlamentar.
Rebanho no Amazonas
Segundo dados do IBGE, o rebanho de bovinos no Amazonas é de 1,4 mihão de cabeças, com concentração nos municípios do sul do Amazonas.
A criação de gado no Amazonas só fica atrás da de galináceos, segundo o IBGE.
Ao longo do mês de março o Ibama fez operações nos municípios do sul do Amazonas com o objetivo de combater o desmate de floresta para fins de pecuária.
Na ação, o órgão federal vem identificando áreas ilegais usadas pela pecuária e determinando que os proprietários de gado transfiram os animais para áreas legalizadas.
Muitos pecuaristas reclamam da falta de condições para cumprir a determinação no prazo estabelecido pelo Ibama, que seria de 5 dias.
Insatisfeitos, os pecuaristas começaram uma mobilização junto a políticos para buscarem um entendimento com o Ibama.
Segundo Adjuto, o Ibama chegou a marcar uma audiência pública com os pecuaristas esta semana, mas depois cancelou.