MANAUS – Se os advogados de Alejandro Valeiko acusam a Polícia Civil do Estado do Amazonas (PC-AM) de ter promovido vazamentos de informações sobre a investigação da morte do engenheiro Flávio Rodrigues, os delegados do caso também reclamam de vazamento à imprensa feito pela defesa do enteado do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB).
No relatório final do inquérito, os delegados Paulo Martins e Marília Campello Conceição afirmam que vídeos das câmaras de segurança do condomínio Passaredo circularam em “vários blogs”, e um deles registrou textualmente que recebeu o conteúdo da defesa de Alejandro.
“Durante todo o curso do procedimento pôde-se verificar o vazamento preordenado das informações constantes do Inquérito Policial, o que, pela quantidade de servidores e dezenas de advogados das partes envolvidos no caso, tornou-se difícil estabelecer a autoria do fato. Mas recentemente um desses vazamentos chamou a atenção: passou a circular em vários blogs locais os vídeos das câmeras de segurança do condomínio onde se deram os fatos criminosos, onde uma espécie de cronologia do dia 29/09/2019 foi apresentada por quem editou os vídeos. Pela dificuldade de extração das imagens em seu tamanho original, apenas a defesa de ALEJANDRO VALEIKO copiou a totalidade dos DVR’S. Um desses blogs onde o vídeo foi veiculado afirma, claramente, que a DEFESA apresentou o material (sic)”, escrevem os delegados no relatório.
Na quinta-feira (28), o advogado Yuri Dantas, ouvido pela reportagem, confirmou que repassou para alguns veículos de Internet o vídeo citado pelos delegados. Ele ressaltou que o conteúdo não era exclusivo do inquérito, uma vez que pertencia ao condomínio.
O advogado também negou que a edição feita no vídeo distribuído aos veículos seguiu uma cronologia para afastar o cliente do crime. Foi, segundo ele, apenas para facilitar o entendimento.
O Estado Político fez contato com a assessoria da PC-AM, mas não obteve resposta.
Alejandro e mais quatro pessoas foram indiciadas no inquérito sobre a morte de Flávio. O filho da primeira-dama de Manaus, Elisabeth Valeiko, foi indiciado por homicídio, tentativa de homicídio e ocultação de cadáver, por omissão.
A defesa de Alejandro diz que ele é inocente, que o cliente é vítima de perseguição e o inquérito descambou para o campo político. Leia mais sobre o assunto aqui.
Os advogados divulgaram que ingressaram com um pedido na Justiça, no sábado, 23, para suspender o sigilo do processo. Para eles, a medida acabará com os vazamentos, com notícias falsas e especulações baseadas em informações que sequer constam no inquérito.