MANAUS – Auxiliados pelo formato, os candidatos ao governo do Amazonas aproveitaram as duas horas de debate realizado pela TV Em Tempo/SBT, na noite desta terça-feira (11), para reforçar a exposição de suas imagens e propostas que embalam as campanhas no rádio e TV. Dos cinco nomes que participaram do programa, apenas Omar Aziz (PSD) fez ataques diretos a adversários que vêm pontuando melhor que ele nas pesquisas de intenção de voto: o governador Amazonino Mendes (PDT), que não foi ao debate, e o jornalista Wilson Lima (PSC).
O formato adotado pela emissora permitiu que a cada bloco um candidato fosse sabatinado pelos demais, com perguntas livres, mas obedecendo a temas pré-estabelecidos (saúde, segurança, educação, emprego e renda, e interior do estado). O primeiro a ocupar o púlpito central do estúdio para ser questionado pelos adversários foi Wilson. Estreante em uma disputa eleitoral, o candidato do PSC vem oscilando nas pesquisas entre a 2ª e a 3ª posição.
Ao questionar Wilson sobre emprego e renda, Omar optou pela estratégia que já vem adotando em outros debates e entrevistas, que é fragilizar a candidatura do adversário ao ressaltar a falta de experiência do jornalista. O ex-governador perguntou do apresentador de TV se ele já havia administrado algo na vida. Ao não receber uma resposta direta, disparou: “O momento é complexo, não é de retórica. Eu te fiz uma pergunta muito objetiva: se você já vivenciou alguma coisa. Isso que eu quero saber, que a população do Amazonas quer saber. Falar, discursar, mostrar, é uma coisa, resolver é outra”.
Depois de Wilson, o candidato do PSD centrou suas críticas na ausência de Amazonino – é o quarto debate que o candidato à reeleição não participa. Omar disse que talvez o governador vá ao debate da TV Band Amazonas (marcado para esta quarta-feira – 12), por se sentir “em casa” na emissora, que é administrada no Amazonas pela família da candidata à vice de Amazonino, Rebecca Garcia (PP).
O ESTADO POLÍTICO apurou que o governador vai ao debate da Band Amazonas.
“Não é o primeiro debate que o Amazonino falta, mas acho que amanhã (quarta-feira – 12) ele vai estar no debate da TV Bandeirantes, porque lá é de propriedade da vice-governadora dele. Ele vai estar em casa, e talvez a gente consiga falar com ele”, afirmou Omar. O candidato do PSD criticou também o otimismo da equipe do governador com a economia do estado, dizendo que haverá retração econômica no 2º semestre, e que quem trabalha hoje para o governo “vai levar calote”.
“A arrecadação do estado vai ser frustrada porque o primeiro semestre foi a Copa do Mundo, e aí houve um aumento na arrecadação, e a equipe econômica dele (Amazonino) fez um levantamento como se a gente tivesse até o final do ano excesso de arrecadação. E quem está trabalhando para o estado, fazendo obras, vai levar calote, porque o estado não vai fechar as suas contas”, declarou Omar.
Bandeira da segurança
O candidato do PSD reforçou no debate a sua principal mensagem na campanha até aqui, que é o de único candidato com experiência para combater problemas na área de segurança. A cada oportunidade que teve para falar do tema, Omar falava do programa de policiamento comunitário “Ronda no Bairro”, criado por ele em 2012 e desativado por seu sucessor no governo, José Melo (2014-2017).
Omar fez promessas de aumentar vagas nas escolas, de concurso para a Polícia Militar, e de criar concurso de carreira de médico, para garantir que esses profissionais atuem no interior. Nas pesquisas publicadas até aqui, o ex-governador tem aparecido na 2ª, 3ª e até 4ª posição. “Eu fui o melhor governador desse país. Em quatro anos realizamos muito, me dê a oportunidade de governar o estado por mais quatro anos”, pediu Omar ao final do debate.
David
Sem entrar em confronto com os adversários, o candidato do PSB, David Almeida, aproveitou o tempo que teve no debate para dizer que fez muito quando esteve interinamente no governo pelo período de cinco meses. O deputado estadual exaltou o pagamento do abono aos professores com verbas do Fundeb, de promoções dadas a policiais e bombeiros, e de mutirões de cirurgias no setor de saúde.
“Não sou candidato da máquina de governo, da máquina da prefeitura, de grupos empresariais. Sou candidato do povo do estado do Amazonas que não aguenta mais sofrer. O estado do Amazonas pode ser um lugar melhor para se viver. O estado está precisando de um governador que tenha compromisso com o povo. Tive a oportunidade de ser governador ano passado e ter resolvido o problema de muita gente. Eu preciso de uma oportunidade para fazer mais”, declarou David em suas considerações finais. O deputado estadual aparece em pesquisas empatado tecnicamente na 2ª posição com Wilson, e em outras na 3ª posição.
Voto na mudança
Wilson afirmou durante o debate que está cercado de pessoas experientes, que podem lhe ajudar em um eventual governo. O jornalista bate na tecla de que representa a mudança na política que todos buscam em 2018. E pediu que os eleitores do interior votem com consciência.
“Estamos vivendo uma situação diferente na política. Nunca estivemos tão próximos de mudar a nossa própria realidade. Só depende de você. E eu quero falar para quem está lá no interior: o voto é seu, você não tem que votar em quem o prefeito ou líder comunitário está mandando você votar. A decisão é sua. Aí você decide se quer continuar do jeito que está, ou se vai apostar em um projeto de mudança, de renovação”, disse Wilson.
Defesa do trabalhador
A candidato do PCdoB, Lúcia Antony, ancorou sua participação no debate na defesa da proposta de governo do PT e do PCdoB para o País, cobrando atenção dos eleitores com os candidatos ao governo cujos partidos integram a base do presidente da República, Michel Temer (MDB).
“É fundamental que o eleitor esteja muito atento. Esse ano nós vamos definir qual a nossa posição em relação a dois projetos que o Brasil viveu nos últimos tempos. Um projeto de desenvolvimento com inclusão social, iniciado com o presidente Lula, e o outro projeto é o que está em curso hoje, com o governo do Temer. Um governo que tem retirado direito dos trabalhadores”, declarou Lúcia.
Berg da UGT, do PSOL, também apelou pela simpatia dos eleitores da esquerda, defendendo o voto em alguém que venha do movimento sindical, que conhece as demandas reais dos trabalhadores. “Estamos colocando nosso nome para que possamos modificar a situação que temos no estado do Amazonas. Trabalhador vota em trabalhador. Chegou a hora da mudança”, afirmou.
Sidney Cabral, do PSTU, não participou do debate. As emissores de TV não têm convidado o candidato sob a justificativa de que o partido dele não tem representação na Câmara dos Deputados./L.P.