MANAUS – O governador Wilson Lima (PSC) afirmou nesta terça-feira (26) que a inclusão de seu nome no grupo de indiciados pela CPI da Pandemia tem objetivo político e atende a interesses do senador Eduardo Braga (MDB).
Em manifestação enviada ao ESTADO POLÍTICO, Wilson tratou ainda como estranha a decisão da CPI, considerando que, formalmente, ele sequer foi investigado pela comissão.
“A inclusão do meu nome no relatório final da CPI tem total motivação político-eleitoral, liderada pelo senador Eduardo Braga, visando as eleições de 2022. Não fui sequer investigado pela CPI. Vou seguir trabalhando e fazendo o que nenhum político que esteve à frente do Estado foi capaz de fazer em tão pouco tempo pelo desenvolvimento do Amazonas”, disse Wilson.
O relatório inicial do senador Renan Calheiros (MDB) não indiciava nenhuma autoridade do Amazonas. No entanto, pressionado por Braga, que é um aliado de longa data de Calheiros, o relator decidiu, nesta terça-feira, 26, responsabilizar Wilson pela crise do setor de saúde do Estado durante a pandemia.
Braga ameaçou votar com a base de Jair Bolsonaro na CPI, contra o relatório de Renan, caso o relator não incluísse Wilson e Marcellus Campêlo no grupo de indiciados.
Wilson foi indiciado, no relatório final da CPI da Pandemia pelos crimes de “causar epidemia” e prevaricação, previstos nos artigos 267 e 319 do Código Penal.
Sumido
A partir da metade dos trabalhos da CPI, Braga começou a flertar com a linha de defesa de Jair Bolsonaro e em seguida sumiu das reuniões.
A imprensa nacional chegou a destacar sua guinada em direção à base e o quase certo desembarque do grupo de oposição, majoritário na CPI, denominado de G7.
O senador reapareceu na semana passada para a leitura do relatório proposto por Renan, quando então iniciou a articulação para incluir Wilson no texto.
O senador do MDB é um dos principais opositores de Wilson no Estado. E articula uma candidatura viável para disputar o governo do Amazonas em 2022.
Nesta terça-feira, pouco antes da decisão da CPI, em evento com servidores públicos, Wilson deu indiretas em Braga.
Sem citar o nome do senador, Wilson disse que a fase da arrogância no Estado chegou ao fim e que não se pode permitir que o passado retorne ao Amazonas.
Braga foi governador do Amazonas entre 2003 e 2010. Uma das características que marcaram negativamente seu perfil político no período foi a falta de tato social com servidores e a imprensa.
A “fama” é usada com alguma frequência pelos adversários durante as eleições. Como sinal de que isso ainda incomoda, Braga gravou recentemente um vídeo, publicado em suas redes sociais, dizendo que seu temperamento mudou.
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