MANAUS – Em depoimento à CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) nesta terça-feira (16), o sócio-administrador da ampresa FJAP e Cia, Fábio José Antunes Passos, disse que emprestou de um amigo empresário os R$ 2.480.000,00 que ele usou para comprar os 28 ventiladores mecânicos que vendeu para a Secretaria de Estado de Saúde (Susam).
O empresário, segundo Fábio, seria Cristiano da Silva Cordeiro, sócio da empresa Big Traiding e Empreendimentos.
De acordo com Fábio, Cristiano é amigo dele, e aceitou fazer o empréstimo para que ele comprasse os ventiladores da empresa Sonoar e vendesse para a Susam por R$ 2,9 milhões.
Fábio disse que decidiu se aventurar na venda de produtos para saúde depois que teve que praticamente fechar uma de suas empresas, que é uma vineria.
Segundo ele, como a FJAP pode fazer importação, viu a oportunidade de importar produtos para a saúde e revender no Estado, principalmente Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que estavam em falta na ocasião.
Ao ser informado da necessidade da Susam de ventiladores, Fábio disse que descobriu que um dos vendedores dos aparelhos no Brasil tinha um representante em Manaus, a Sonoar.
Foi aí, segundo Fábio, que ele procurou a Sonoar, e iniciou o negócio de compra. Como não tinha o dinheiro em caixa, o dono da FJAP diz que fez o empréstimo de Cristiano.
A CPI investiga se houve direcionamento na compra. E se o valor foi superfaturado.
A comissão apurou que a Sonoar comprou de fornecedores nacionais os mesmos aparelhos por R$ 1 milhão.
A CPI também apurou que a Sonoar, antes de vender os aparelhos para a FJAP, ofereceu os mesmo para a Susam, por R$ 2,5 milhões. A proposta não foi aceita.
Segundo o governo, a proposta da Sonoar não foi aceita porque a empresa exigia pagamento antecipado. Condição inviável para a administração pública.
Negócio com o Estado
Pesquisa no Portal Transparência do Governo do Amazonas indica que a Big Traiding e Empreendimentos recebeu R$ 11,7 milhões do Estado, em 2018. A gestão era do governador Amazonino Mendes (Podemos).
O valor se deu por meio de contrato com a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, órgão vinculado à Sepror.
Segundo o Portal da Transparência, a empresa vendeu equipamentos agrícolas e veículos de tração mecânica para o Estado.
Saúva
O empresário Cristiano da Silva Cordeiro ficou conhecido em 2006. Ele foi um dos alvos da Operação Saúva, da Polícia Federal.
A operação, segundo matérias divulgadas à época, foi realizada em seis Estados e no Distrito Federal.
A investigação acusou 30 pessoas de participar de quadrilha que fraudava licitações para compra de alimentos para as Forças Armadas, merenda escolar e programas sociais do governo federal no Amazonas.
Um dos acusados foi Cristiano. Em 2012, segundo matéria do jornal A Crítica, o empresário foi condenado a 92 anos de prisão.