MANAUS – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde divulgou nesta quarta-feira (1º) que o marido da secretária estadual de Comunicação, Daniela Assayag, é sócio da Sonoar Equipamentos, empresa envolvida na aquisição de 28 respiradores pelo Governo do Amazonas, que foi alvo da operação Sangria, deflagrada nesta terça-feira (2) pela Polícia Federal (PF).
Conforme o presidente da CPI, deputado Péricles Nascimento, desde dezembro do ano passado, Luiz Carlos Avelino Júnior tem 50% das cotas da Sonoar Equipamentos.
Péricles disse que o depoimento do ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias à comissão, prestado na última segunda-feira (29), norteou a investigação. Na ocasião, ele revelou que Daniela Assayag participou de uma reunião sobre a compra dos respiradores no dia 3 de abril. A participação de Daniela nessa reunião, disse o deputado, foram confirmadas pelo Governo do Estado.
“Todo esse interessse e a participação da secretária de Comunicação na reunião do dia 3 abril, isso resulta pelo fato da Sonoar pertencer ao marido da secretária de Comunicação”, disse o deputado, que faz oposição ao governo.
Segundo Péricles, a CPI teve acesso aos documentos que provam que Luiz Carlos adquiriu as cotas societárias da Sonoar, mesmo a formalização total não tendo sido realizada na Junta Comercial. A comissão teve acesso aos documentos nesta terça-feira (30).
O parlamentar disse que, com essa apuração, a CPI encerra o capítulo sobre os respiradores. Todas as informações coletadas sobre o assunto serão encaminhadas à Polícia Federal (PF), que investiga o caso por meio da operação Sangria.
“A fraude (na aquisição dos ventiladores mecânicos), ela se inicia já com a Sonoar, que é a principal interessada em vender esses respiradores para o Estado para ter um lucro absurdo de um milhão e 400 mil, quase um milhão e meio (de reais)”, disse Péricles, em coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa (ALE-AM).
De acordo com o deputado, a Sonoar tinha o contato de fornecedores de outros estados e tinha facilidade para a aquisição, mas naquele momento, entre o fim de março e começo de abril, só poderia adquirir 28 respiradores, que foi o exato número de equipamentos solicitados pela Secretaria Executiva de Atenção Especializada da Capital, da Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
“Somente esses respiradores a Sonoar naquele momento conseguia com os seus fornecedores de outros estados”, disse.
Tanto a CPI quanto a PF apontam que a aquisição de 28 respiradores por R$ 2,9 milhões foi superfaturada e a compra, direcionada.
A CPI apurou que a empresa Sonoar comprou os ventiladores por R$ 1 milhão e os revendeu para a FJAP por R$ 2,480 milhões, um lucro de quase R$ 1,4 milhão sobre a outra empresa.
A FJAP, por sua vez, vendeu os equipamentos para o governo pelos R$ 2,9 milhões.
A sócia-administradora da Sonoar, Luciane Zuffo Vargas de Andrade, foi ouvida pela CPI no dia 12 de junho. Ela foi presa pela operação Sangria em Manaus.
A outra sócia da Sonoar, Renata de Cássia Dias Mansur Silva, foi presa em São Paulo, segundo Péricles.
A Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) foi procurada, mas não respondeu. A secretária Daniela Assayag marcou uma entrevista coletiva para as 15h, no CICC, na Zona Centro-Sul de Manaus.
Outro lado
Em coletiva na tarde desta quarta-feira, a secretária de Comunicação, Daniela Assayag, negou que tenha participado de qualquer ato ilícito e que tenha sido beneficiada na compra dos 28 ventiladores.
De acordo com Assayag, o marido Luiz Carlos Avelino Júnior chegou a assinar um contrato de compra e venda de parte da empresa, mas que não chegou a concluir a aquisição de 50% das cotas da Sonoar Equipamentos, tendo o negócio sido desfeito.
Segundo a secretária, o esposa recuou do negócio devido à polêmica em que a venda dos aparelhos ao Estado ganhou, do qual a Sonoar fez parte.
Daniela acusou a CPI de usar seu nome para atingir politicamente o governo de Wilson Lima.
“Eu não aceito ser colocada em jogo político. Não aceito que usem a minha idoneidade para atingir o governo”, disse a secretária.
Veja aqui a coletiva.
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