BRASÍLIA – À CPI da Pandemia, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse nesta quinta-feira (27) que ofereceu ao Ministério da Saúde em julho do ano passado 60 milhões de doses da vacina Coronavac.
Ele confirmou o recuo do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello na compra de 100 milhões de doses em outubro, após desautorização pública do presidente Jair Bolsonaro.
O diretor afirmou que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação. Segundo ele, o Butantan tinha vacinas prontas em dezembro do ano passado, mas por falta de um contrato com o Ministério da Saúde e por impedimentos regulatórios, a vacinação não começou naquele momento.
Dimas Covas disse ainda que os ataques de integrantes do governo à China atrasaram a produção dos imunizantes devido à demora no envio da matéria-prima.
Para o diretor, as declarações do presidente da República e de outros integrantes do governo brasileiro sobre a China causaram dificuldades para obtenção dos insumos para produzir as vacinas contra a Covid-19. Segundo Covas, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, está conseguindo melhorar o relacionamento com o país asiático.
Mais: 3ª onda, 3ª dose e Butanvac
Para o especialista, a tendência é que a crise sanitária se estenda até o início de 2022. Ele também disse que há indícios de que estamos diante de um agravamento da pandemia de Covid-19, agora impulsionada por novas variantes. Para frear a terceira onda, Dimas Covas aponta que é necessário combinar a vacinação com o uso das chamadas medidas não farmacológicas de proteção, como o uso de máscaras e o distanciamento físico.
Dimas Covas informou que estudos já estão sendo feitos sobre a necessidade de uma “terceira dose da vacina contra o coronavírus”. Segundo ele, seria a dose de reforço anual, assim como ocorre com o imunizante contra a gripe, por exemplo.
O diretor do Butantan disse ainda que a Butanvac, vacina contra o coronavírus desenvolvida pelo instituto, já está em processo de produção e que há condições para disponibilizar 40 milhões de doses do imunizante até o final deste ano. Dimas Covas disse ainda que aguarda autorização da Anvisa para iniciar os estudos clínicos.