MANAUS – O senador Eduardo Braga (MDB-AM), que votou a favor da convocação de Wilson Lima (PSC) para depor na CPI da Pandemia, no Senado, foi contra a convocação do governador do Pará e colega de partido, Helder Barbalho.
Durante a votação dos requerimentos de convocação, Braga e o relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), fizeram questão de deixar claro que votaram contra a convocação de Barbalho.
O recuo de Braga e Renan irritou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que lembrou que na reunião que antecedeu a votação os membros da comissão acordaram em aprovar os requerimentos para a convocação de todos os nove governadores.
Braga retrucou que o acordo era para a aprovar os requerimentos, mas não que a votação de todos seria por unanimidade.
Foco em 2022
Braga articula uma candidatura para o governo do Amazonas em 2022. E tem usado a audiência que tem a CPI para fortificar esse projeto. Minar a imagem de Wilson é o principal foco.
O senador foi governador do Amazonas de 2003 a 2010.
Braga divulgou a convocação de Wilson em suas redes sociais.
Governadores alvos de operações da Polícia Federal
Foram chamados apenas chefes de Executivos estaduais citados em investigações da Polícia Federal. Antes da votação, senadores se reuniram de forma secreta por mais de 1h30 em uma outra sala em busca de acordo em torno dos nomes que seriam convocados, mas a aprovação veio depois de intensos debates no colegiado e em meio a pedidos de convocações de outros governadores.
Helder Barbalho
Em setembro de 2020, a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão por desvios na área da saúde do governo do Pará. Na operação houve pedido de buscas no gabinete do governador do estado, Helder Barbalho.
Os secretários de Desenvolvimento Econômico do Pará, Parsifal de Jesus Pontes, e de Transportes, Pádua Andrade, foram presos, assim como um assessor especial do governador.
A operação, feita com o apoio da Polícia Civil de São Paulo, cumpriu cerca de 300 mandados em endereços na capital paulista e em Goiás, sendo 76 ordens de prisão.
A maior parte dos pedidos foram assinados por juízes no interior paulista, mas 12 delas foram autorizadas pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão.
A PF afirmou que a operação buscou esclarecer 12 contratos firmados entre o Pará e organizações sociais na área da saúde, que administram hospitais públicos no estado. O valor dos contratos, válidos de agosto de 2019 a maio de 2020, é de R$ 1,2 bilhão, conforme os investigadores.
Os alvos da operação eram suspeitos de ter cometido os crimes de fraude em licitações, falsidade ideológica, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Wilson Lima
O governador do Amazonas será questionado sobre o possível desvio de recursos no estado, alvo da operação Sangria, da Polícia Federal, que investiga a compra de respiradores destinados a hospitais.
Mas o governador também deverá ser questionado pelos senadores sobre a crise de desabastecimento de oxigênio em Manaus.
Em depoimento no Senado, o ex-ministro Pazuello transferiu ao governo estadual a responsabilidade pela crise que se abateu sobre a capital do Amazonas em janeiro.
Wilson Lima ainda poderá dar detalhes sobre reunião no Palácio do Planalto em que foi descartada a intervenção federal no estado.
Além de Wilson e Helder, também foram convocados os governadores Ibaneis Rocha (DF), Mauro Carlesse (TO), Carlos Moisés (SC); Antônio Garcia (RR), Coronel Marcos Rocha (RO) e Waldez Góes (AP) e Wellington Dias (PI).
Também foram convocados o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr.
Os senadores também aprovaram a reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, entre outros nomes. Os depoimentos ainda serão agendados.
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado