Por Janaína Andrade e Lúcio Pinheiro|
MANAUS – O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), não descarta ter que autorizar um reajuste na tarifa de ônibus, caso a prefeitura não consiga arcar com o impacto financeiro provocado por um eventual aumento salarial dos trabalhadores das empresas de transporte coletivo da capital.
A fala de David ocorre um dia após o presidente do STTRM (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Manaus), Givancir de Oliveira, confirmar para às 4h da manhã desta quarta-feira, 17, a paralisação das atividades dos trabalhadores do transporte coletivo da capital.
“Veja bem: a passagem técnica, para que o sistema possa se manter, ela precisaria custar R$ 7,52, hoje ela custa R$ 3,80, essa diferença é o que a prefeitura de Manaus subsidia. Sai muito caro para a prefeitura, são R$ 400 milhões por ano. Com o aumento que o sindicato deseja vai aumentar mais R$ 60 milhões só com o reajuste. Então nós estamos negociando, porque nós temos os servidores da prefeitura, temos a data base da prefeitura e nós temos queda da arrecadação, de repasses, tudo isso nós temos que analisar para tomar uma decisão consensual e não prejudicar ninguém, mas também ter o controle das finanças do município”, disse David na manhã desta terça-feira, 16.
O prefeito disse ainda que irá, ainda hoje, conversar com a presidência do sindicato sobre o reajuste da categoria.
“O transporte coletivo é um problema nacional. Manaus é a capital do Brasil que não aumenta a passagem pelo maior período de tempo, já temos aproximadamente sete anos sem aumento da passagem, o diesel já chegou a aumentar 120% nesse período, o salário, a cesta básica, o pneu e, mesmo assim, anualmente a prefeitura vem reajustando os salários dos servidores em parceria com o sindicato. Eles estão em negociação, nós estamos acompanhando, inclusive, devo fazer alguns contatos hoje para poder conversar e negociar com eles”, afirmou Almeida.
A declaração de David foi dada após vistoriar, ao lado do governador Wilson Lima, obras do complexo viário em construção na avenida Governador José Lindoso (avenida das Torres) com a rua Barão do Rio Branco, bairro Parque das Laranjeiras, zona Centro-Sul da capital amazonense. Iniciada recentemente, fruto de convênio entre o Governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus, a obra vai custar R$ 52,4 milhões, dos quais R$ 51,2 milhões foram repassados pelo Estado, por meio da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), e será executada pelo Município.
‘STTRM está aberto à negociação até meia noite’
Em coletiva à imprensa na segunda-feira, 15, o presidente do STTRM, Givancir Oliveira, afirmou estar aberto à negociação até à meia-noite desta terça para discutir a recomposição salarial de 12%.
“O sindicato fez tudo para sentar, para conversar com os patrões e chamar atenção do diretor-presidente do IMMU, para que ele obrigue os empresários a sentarem na mesa de negociação e até agora nada de reunião. Por falta de negociação, vamos parar. A paralisação será por tempo indeterminado enquanto não houver negociação, continuaremos parados. (…) os patrões querem aumento de passagem. Não temos nada a ver com isso. Queremos é o salário. Quem decide aumento de tarifa é o prefeito. Não é o sindicato. Agora lembramos que estamos há seis anos sem aumento de passagem”, disse Givancir.
Sinetram diz estranhar anúncio de greve
Em nota à imprensa, o Sinetram afirmou estar negociando permanentemente com o STTRM desde o pedido de reajuste salarial, e estranha a notificação de greve anunciada para quarta-feira (17) “por entender que a negociação ainda está em processo e esta medida não traz nenhum benefício para as partes e ainda coloca o passageiro, que depende do transporte coletivo, como maior prejudicado neste processo”.
O Sinetram, na nota, ressalta que é contra a paralisação e vai adotar medidas legais, se preciso, para evitar a greve.