MANAUS – O perito criminal Ricardo Molina afirmou, nesta segunda-feira (28), que o delegado da Polícia Civil do Amazonas, Gustavo Sotero, realizou, com um revolver em punho, uma “verdadeira caça” ao advogado Wilson Justo dentro de uma casa de show localizada na zona Oeste de Manaus, resultando na morte da vítima, na madrugada do dia 25 de novembro de 2017.
Sotero é acusado da morte do advogado e lesão corporal contra Fabíola Rodrigues Pinto de Oliveira, Maurício Carvalho Rocha e Iuri José Paiva Dácio de Souza.
“Wilson deu um soco nele e o delegado teve uma reação imediata e em apenas um segundo, o Sotero saca a arma e atira. Não há nenhum ataque. Isso é uma fantasia da defesa. O Wilson levanta o braço em posição de defesa. Quem atacou com a arma foi o Sotero e daí pra frente ele começa uma verdadeira caça ao Wilson e sai atrás querendo acertar ele de uma forma tão doidivana que acerta mais outras duas pessoas que nada tinham a ver com o caso e depois vai na mureta e só não dá o tiro de misericórdia porque a arma dele travou”, disse o perito.
Em entrevista coletiva à imprensa, Ricardo Molina, que foi contratado pela OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas) para entregar um laudo técnico do caso, afirmou que a reação do advogado contra o delegado se deu porque Sotero estava olhando fixamente para a esposa de Wilson, Fabíola Rodrigues.
Molina esteve pessoalmente na casa de show para analisar o espaço e periciar as imagens. O perito afirma quer ficado impressionado com o farto volume de provas.
“O material é muito rico. A casa noturna tinha câmera para todo lado. Não dá para saber o que não aconteceu, o que a gente tem dúvida numa câmera, a gente vai e tira na outra, tá tudo lá”, declarou Ricardo Molina.
O conselheiro federal da Ordem, Anielo Aufiero, explicou que a OAB está há dois anos legalmente habilitada como assistente da acusação, uma vez que a vítima era um inscrito da seccional do Amazonas.
“Desde a fase do inquérito policial, o caso estava sendo acompanhado pela Procuradoria de Prerrogativas da OAB-AM. Isso é perfeitamente legítimo, seja como assistente da acusação ou de defesa”, afirmou Aufiero.
Julgamento inicia nesta terça, 29
A 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus dará início, nesta terça-feira (29), ao julgamento de Gustavo Sotero. A sessão de julgamento será realizada no plenário principal do Fórum Ministro Henoch Reis e será presidida pelo juiz de Direito Celso Souza de Paula, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus.
O mesmo júri contará com a participação do promotor de Justiça George Pestana, representando o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE). Na sessão do Tribunal do Júri, 14 testemunhas, de defesa e acusação, serão ouvidas, além de três vítimas. Para o júri, também foram convocados dois peritos.
No júri, durante o período destinado ao debate, será disponibilizado o tempo de 1h30 para acusação e o mesmo tempo para a defesa. Em caso de réplica e de tréplica, o magistrado presidente da sessão concederá mais 1 hora para acusação e defesa.
Roteiro
Para evitar o cansaço dos jurados, o juiz Celso Souza de Paula antecipou que, no caso de se estender por mais de um dia, a sessão de julgamento será interrompida sempre às 20h30, recomeçando no dia seguinte às 9h. A perspectiva é que o júri seja concluído em três dias.
Na abertura do júri, no dia 29 de outubro, às 9h, será realizada a abertura da sessão com o sorteio dos jurados e na sequência: oitiva das vítimas, das testemunhas de acusação e das que forem em comum com as de defesa.
No dia 30 de outubro, a partir das 9h, serão realizadas as oitivas das testemunhas de defesa, dos assistentes técnicos da acusação e da defesa.
No dia 31 de outubro às 9h, serão realizados o interrogatório do acusado, os debates, a quesitação e prolatação da sentença.