MANAUS – Em coletiva na manhã desta segunda-feira (2), a defesa da família do engenheiro Flávio Rodrigues elogiou o trabalho da Polícia Civil do Estado do Amazonas (PC-AM). Segundo as advogadas que participaram da entrevista, Náiade Perrone e Geysa Mitz Guimarães, pode ter faltado indiciado, não sobrado.
“Julgamos acertados os indiciamentos, porque condizem com as provas. É acertada a conclusão de indiciamento dos cinco (investigados). Pode ser que (o inquérito) esteja faltando (indiciados), mas não sobrando”, afirmou Náiade Perrone.
No último dia 25 de novembro, a polícia indiciou Alejandro Valeiko, Elizeu da Paz e Mayc Parede por homicídio de Flávio e por tentativa de homicídio de Elielton Magno. Indiciou também Vitorio Del Gatto por omissão de socorro e Paola Valeiko por fraude processual.
Alejandro e Paola são irmãos e enteados do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB). Os dois são filhos da primeira-dama Elisabeth Valeiko.
Geysa Mitz afirmou que a polícia não conseguiu fechar a dinâmica do que de fato aconteceu na casa do condomínio Passaredo, em Manaus, no dia 29 de setembro, mas ficou provado no inquérito que os investigados mentiram durante as investigações.
Para Geysa, isso é razão suficiente para os investigadores indicarem que os cinco devem responder pelo ocorrido com o engenheiro.
A advogada afirmou que Alejandro reconheceu um dos homens que levou Flávio da residência no condomínio Passaredo, zona Oeste de Manaus. E que mesmo assim omitiu isso da polícia, na primeira vez que falou com os investigadores, no dia 30 de setembro.
Para as advogadas, se é verdade que Flávio saiu vivo da casa, a informação omitida por Alejandro poderia ter salvado a vida do engenheiro, se tivesse sido levada às autoridades ainda na noite do dia 29.
“Então, sabendo o que ele (Elizeu da Paz, segurança de Alejandro) era capaz de fazer, mesmo assim, ele omitiu essa informação da polícia durante dias. E com certeza, se o Flávio realmente saiu vivo de lá, (Alejandro) contribuiu para a morte do Flávio”, disse Geysa.
Quando disse à polícia que reconheceu Elizeu como um dos dois homens que entraram na casa, Alejandro já tinha passado à condição de investigado, com a prisão decretada. Ele disse aos investigadores que omitiu porque tinha medo de Elizeu.
Tênis
Na coletiva, as advogadas disseram que um tênis encontrado na casa, em perícia na noite do dia 30, com manchas de sangue de Flávio, é prova de que, no mínimo, o engenheiro foi ferido dentro da residência.
Na semana passada, também em coletiva, a defesa de Alejandro questionou a prova.
Um dos advogados, Yuri Dantas, levantou suspeita sobre o contexto em que o tênis, como prova de que Flávio foi ferido na casa, foi inserido no inquérito. Ele disse que a defesa nunca viu esse tênis, sequer fotos.
Geysa disse que no dia em que o tênis foi encontrado na casa, em perícia na noite do dia 30, mesmo podendo, os advogados de Alejandro preferiram ficar do lado de fora da residência, e não acompanhar o trabalho dos peritos. A defesa de Flávio acompanhou, segundo ela. E viu o momento em que o tênis foi localizado.
Outro lado
Em nota, a defesa de Alejandro informou que sabia que a polícia encontrou o tênis de Flávio na casa. O que os advogados desconheciam, pois só teria aparecido no inquérito muito tempo depois, segundo eles, foi a informação de que o tênis continha sangue.
Segundo a defesa de Alejandro, quando o tênis foi citado no inquérito, no primeiro momento, a polícia não fala que havia sangue no calçado.
Abaixo, a nota:
“Nos cabe analisar os fatos documentados do processo e no inquérito. E no inquérito, os fatos estão em conformidade com o que expressamos na coletiva. Pelo que sabemos, esses fatos não foram contraditados pelas colegas advogadas, portanto eles se mantém.
A mera alegação de que a defesa de Alejandro não entrou na casa e por isso não sabia que o sapato do Flávio foi encontrado com manchas de sangue, é uma alegação que sequer vem ao caso. Vem ao caso o fato inegável de que o sapato foi achado e documentado sem sangue e, dias depois, aparece com sangue”.