MANAUS – Candidato do grupo político chefiado por Adail Pinheiro, Keitton Pinheiro, do PP, venceu a eleição suplementar em Coari realizada neste domingo, 5. Com isso, Keitton estará à frente da chefia do Executivo Municipal até dezembro de 2024.
Com mais de 95,83% das seções eleitorais totalizadas, Keitton tem 53,18% dos votos válidos. O segundo colocado, Robson Tiradentes Júnior, tem 35,13%. Em seguida, aparece o candidato Zé Henrique com 11,23% e Mil Mitouso, com 0,46%.
A eleição suplementar ocorreu após o Judiciário, em suas três instâncias, considerar que o novo mandato de Adail Filho seria o terceiro consecutivo dentro de um mesmo núcleo familiar (Adail pai foi eleito em 2012 – e cassado posteriormente, o filho foi eleito em 2016 e reeleito em 2020), o que é proibido.
Numa possível manobra para tentar evitar a cassação, Adail Filho renunciou ao restante do primeiro mandato logo após as eleições de 2020 alegando necessidade de se tratar da Covid-19. No pleito ele recebeu 22.220 votos (59,45%) contra 8.871 votos (23,74%) de Robson Tirandentes.
Primo de Adailzinho, Keitton foi eleito vice em 2020. Como não é parente dos dois em primeiro grau, conseguiu concorrer mesmo sendo da família.
A ação que resultou na cassação de Adail Filho foi movida pela coligação “Ficha Limpa por Coari”, Robson Tiradentes e Raione Cabral. Robson foi o segundo colocado na eleição deste domingo.
Em nota, a coligação Ficha Limpa, de Robson Tiradentes e coronel Ayrton Norte, agradeceram os votos recebidos daqueles que acreditaram “nas propostas de mudança assim como agradecem aos apoiadores que foram incansáveis durante a breve campanha desta eleição suplementar”.
A coligação encerra a nota dizendo que segue “acreditando na democracia e que somente políticas públicas sérias, baseadas nas necessidades do povo, podem proporcionar dignidade e a certeza de dias melhores”.
Histórico
Pai do prefeito reeleito em 2020 e cassado em 2021, Adail Pinheiro foi prefeito de Coari por dois mandatos consecutivos, entre 2001 e 2008. Sua passagem pelo município mais rico do interior do Amazonas (por conta dos royalties da exploração de gás em Urucu) foi turbulenta. Após investigações da Polícia Federal, no âmbito da operação Vorax, em 2006, ele foi denunciado e condenado por crimes de corrupção e também por exploração sexual de crianças e adolescentes.
Apesar disso, conseguiu um terceiro mandato em 2012. Mas foi cassado em 2014. Adail passou quase três anos preso em Manaus por causa de uma condenação ocorrida em 2014 na Justiça Estadual por crimes sexuais contra menores, e depois ganhou direito ao regime semiaberto. Em 2018, ele voltou a ser preso, em processo que tramita na Justiça Federal envolvendo corrupção, mas ganhou o direito de recorrer em liberdade.
Em fevereiro de 2020, Adail Pinheiro voltou a Coari, onde participou de uma série de inaugurações da prefeitura e fez um discurso celebrando o seu retorno.
Apesar do histórico controverso, o clã mantém alta popularidade no município. E consegue arregimentar apoio amplo de vários caciques políticos.
Adail Filho foi eleito pela primeira vez prefeito em 2016, tendo a irmã, Mayara Pinheiro (PP), como vice. Em 2018, Mayara se elegeu deputada estadual.
Em 2019, Adail Filho foi preso na operação Patrinus, do Gaeco/MP-AM (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Amazonas). Ele foi acusado de chefiar uma organização criminosa que teria desviado R$ 100 milhões em recursos públicos por meio de contratações fraudulentas.