MANAUS – Fortalecer as mulheres defensoras da sociobiodiversidade, para vencer um dos principais desafios de quem vive nas áreas remotas da Amazônia, é o foco da vaquinha virtual criada pela Rede de Mulheres das Águas e das Florestas (REMAF) em abril deste ano. Qualquer pessoa pode contribuir, basta acessar o link, via QR Code, e fazer um pix em qualquer valor para ajudar a Rede, que é um mecanismo de conexão e empoderamento de mulheres que já atuam como líderes em comunidades ribeirinhas, indígenas, extrativistas, quilombolas e periféricas e integra 64 mulheres de várias regiões do país.
Vencer barreiras de conectividade para que as líderes possam ecoar as denúncias e mostrar o que realmente está acontecendo nos territórios longínquos da Amazônia brasileira é o maior desafio que as integrantes da REMAF enfrentam atualmente. No Amazonas, aproximadamente 160 mil pessoas vivem sem energia elétrica em casa, em pleno século XXI, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE, e isso, consequentemente, agrava o problema de conectividade das mulheres da rede, que na maioria está longe dos centros urbanos.
“Como estamos separadas geograficamente, nossos encontros são virtuais e as dificuldades para que as mulheres da rede, que vivem majoritariamente nos rincões da Amazônia, possam contar com o serviço de internet de qualidade são constantes. Muitas relatam que não conseguem acessar a internet em suas localidades, seja por problemas de sinal ou por falta de energia elétrica, ou ainda, por carência de recursos financeiros para pagar a internet. Logo, criamos essa vaquinha para arrecadar fundos e ajudar a fortalecer a comunicação com as participantes da rede.”, observa Marysol Goes, Secretária Executiva da Rede de Mulheres das Águas e das Florestas.
Estratégia mira na COP 30
O fortalecimento da atuação das líderes em rede integra a estratégia de ampliar o protagonismo das mulheres, que estão no chão da floresta, e promovem a defesa de suas comunidades dentro de grandes fóruns nacionais e globais, como a participação delas na 30ª conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP 30, prevista para ocorrer em Belém, no Pará, em 2025.
E para que haja efetivamente a participação das mulheres que estão tecendo um futuro mais sustentável elas precisam de apoio. Apesar de ser uma rede autônoma, o movimento é apoiado por organizações como a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a BrazilFoundation, Green Economy Coalition e a Oak Foundation.
“Estamos ampliando as formas de captação para tentar superar os desafios de conexão das mulheres, que vivem na Amazônia. Quem puder nos ajudar pode contribuir com qualquer valor e também estamos aceitando doações de empresas ou indústrias no sentido de garantir ao menos um aparelho de celular com conexão de internet para cada mulher, que está no chão da floresta.”, explica Izolena Guarrido, liderança feminina da Comunidade do Tumbira, que fica localizada à margem do Rio Negro a 64 quilômetros de distância de Manaus, capital do Amazonas.
A REMAF
A Rede de Mulheres das Águas e das Florestas (REMAF) foi criada durante o Seminário ‘Mulheres da Floresta’, organizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em março de 2023, para reunir e fortalecer mulheres ativistas e líderes da sociobiodiversidade brasileira.
O objetivo foi criar uma conexão entre as lideranças que enfrentam grandes desafios para permanecer em seus territórios e, principalmente, para que estes lugares tenham seus recursos naturais respeitados e usados de maneira consciente e equilibrada e sem impactos para as futuras gerações.