MANAUS – O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), voltou a criticar as ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate ao novo coronavírus, que no Brasil, até este domingo (12), gerou 1.223 mortes.
Para Arthur, Bolsonaro menospreza o novo vírus e consegue provocar “todo mundo”, até “os amigos”.
“Às vezes me dá até a impressão de que o Bolsonaro já deve ter tido, levemente, a doença. Está imunizado. E pode andar por onde quiser. Ele se esquece de que as pessoas que ele cumprimenta não estão imunizadas”, disse Arthur em entrevista ao colunista do site UOL Josias de Souza.
As provocações disparadas por Bolsonaro ao Congresso, Judiciário e até mesmo aos chefes de ministérios de seu próprio governo, podem deixá-lo, segundo Arthur, sem “condições políticas e congressistas” de permanecer à frente da presidência.
“Se vem uma recessão, seguida de uma depressão econômica, será que haverá condições políticas e congressuais para Bolsonaro permanecer? Ele provoca todo mundo, não conta com a solidariedade de partido nenhum. Consegue brigar até com os amigos”, avalia o prefeito tucano.
O Amazonas soma 1.206 casos de Covid-19 neste domingo e registra alta de 14,8% (156) em 24 horas. Deste total, 1.053 são na capital e 153 no interior. O número de mortes causadas pelo novo coronavírus também aumentaram, saindo de 53 até o sábado para 62 neste domingo.
Arthur atribui a Bolsonaro o avanço dos casos na capital amazonense. Para o prefeito, a adesão do manauense ao isolamento social caiu de 70% para pouco mais de 50% “depois que o presidente começou a sair sucessivamente às ruas, numa campanha contra o isolamento”.
“Quando o governador Wilson Miranda e eu pedimos que o povo não fosse às ruas, houve enorme calmaria. (…) Nós estávamos com uma adesão superior a 70% ao isolamento horizontal. As pessoas estavam recolhidas às suas casas. Havia uma enorme calmaria. Quando o presidente Bolsonaro se contrapôs a isso, as pessoas começaram a tentar enxergar alguma lógica na posição dele. Muitos voltaram às ruas. E a adesão caiu para pouco mais de 50%. Hoje, as pessoas estão insistentemente fora de casa. A situação ficou pior”, declarou Arthur.