MANAUS – Falando por videochamada com o presidente Jair Bolsonaro, o superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Alfredo Menezes, participou de uma carreata que defendeu o retorno das atividades suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Menezes disse em suas redes sociais que o ato desta sexta-feira (27) foi um “sucesso”. “(…) e a mensagem dada foi muito clara: VAMOS E PRECISAMOS TRABALHAR !!!!”, escreveu.
A ideia da carreata, segundo um de seus organizadores, o empresário Fred Melo, surgiu na última quinta-feira (26) em um grupo de WhatsApp e foi incentivada por Alfredo Menezes.
O ESTADO POLÍTICO conversou com Fred antes da carreata. Ao site, ele disse que o pronunciamento de Bolsonaro no início da semana foi fundamental para que eles decidissem defender publicamente o fim das medidas de restrição e que o discurso do presidente da República é que está norteando as ações do grupo.
“Nós julgamos que ele (Bolsonaro) está correto, ele está com a razão, Então, ele teve um papel preponderante nessa decisão (de realizarem a carreata)”, disse.
‘O Brasil não pode parar’
A principal reivindicação do grupo, explicou Fred Melo, é que o comércio reabra. Na linha do que vem dizendo Bolsonaro, o empresário criticou as medidas adotadas pelo Governo do Estado, defendeu o chamado “isolamento vertical” e relativizou a tragédia anunciada pelos cientistas caso não sejam adotadas medidas extremas para a evitar a circulação de pessoas e, consequentemente, diminuir a propagação do vírus.
Em resposta ao pronunciamento de Bolsonaro, o governador Wilson Lima disse que não voltará atrás de nenhuma das medidas que tomou até agora e que não se arrepende de tê-las tomado porque priorizou salvar as vidas das pessoas. Em transmissão nas redes sociais ele anunciou um pacote econômico para ajudar empresários, trabalhadores e pessoas com baixa renda a enfrentar a crise econômica vinda com a pandemia e que está trabalhando em um plano para o retorno gradual das atividades do comércio.
Leia trechos da entrevista de Fred Melo por telefone:
“Que nós possamos voltar a trabalhar, que se adotem as medidas propostas pelo governo federal, pelo presidente Bolsonaro, que se faça o isolamento vertical, deixando o grupo de risco naturalmente sob todos os cuidados, e adote práticas de higiene pessoal, que lave as mãos, que use álcool em gel, que use máscara etc, mas que se volte pra trabalhar, porque, se continuar desse jeito as medidas que o Governo do Estado adotou, em 30 dias, nós vamos colapsar, nós não vamos ter dinheiro para pagar folha, porque essas medidas que o governo adota, elas não chegam amanhã na boca do caixa, elas demandam um tempo. Segunda-feira você vai ligar pros bancos, nenhum deles estará com caixa disponível para te emprestar dinheiro, pra você pagar sua folha, entendeu? Isso demanda um tempo, não chega com essa rapidez e ninguém produz, o Governo do Estado, o governador hoje deu uma entrevista, dizendo que o Estado não vai ter capacidade de pagar o funcionalismo público, tá? Porque talvez o funcionalismo público acha que está vivendo a sua ‘Disneylândia’, que estão de férias, num estão de férias, eles não sabem o problema que vai enfrentar daqui a pouco, por que se o estado não pagar o funcionalismo público, vai todo mundo pra rua, vai cobrar a conta do governador, porque não tem arrecadação, como é que vai pagar imposto? Se eu não produzo, se eu não faturo. Eu não tenho como, uma das minhas empresas, é uma agência de publicidade e, só essa semana, quatro clientes suspenderam os contratos. Eu vou dizer o que pra eles? Eles não vão faturar, entendeu? É uma bola de neve, é uma bicicleta, a roda da bicicleta tem que ir girando, a roda tem que girar, se tu para de pedalar, tu cai, a economia é assim”.
“Aí o governador diz que não vai ter dinheiro para pagar o funcionalismo público e nem os serviços essenciais, ele não tem como, ele não terá realmente porque é simples: ele mandou parar o Estado, ele paralisou todas as atividades de uma forma horizontal, fecha bar, restaurante, comércio, só deixou os serviços essenciais funcionando, drogarias, supermercados e alguma coisa de medicina, e as demais atividades? Um amigo meu tem uma rede de lojas de pneu, tu sabe o que aconteceu com ele? Ele botou 200 funcionários de férias e demitiu 75, e aí, o que que vai acontecer? Nós vamos ter 50% de desempregados daqui um mês, a reivindicação é essa, resumindo tudo, vamos voltar a trabalhar, precisamos voltar a trabalhar, é uma questão de sobrevivência”.
“A gente tem que ser realista, entendeu? O Estado, tem a sua saúde, sucateada há alguns anos. O Estado não está preparado para atender Às doenças do seu cotidiano, entendeu? Essa é a verdade, o governo infelizmente não conseguiu reverter o quadro caótico com o qual ele herdou a saúde do Estado, ele não conseguiu reverter, nós temos relatos. Eu tenho pessoas, eu tenho médicos na família, eu tenho pessoas que relatam verdadeiros absurdos, entendeu? Falta de material, falta de equipamento, falta de leito, enfim”.
“Ok, eles então trabalhando, essa situação dessa pandemia, desse vírus, a tendência é que piore mesmo, é que piore, não podemos tampar o sol com a peneira, vai piorar, vão ter mais casos, todos os dias terão mais casos. Agora, se nós não cuidarmos da outra parte, que é a parte econômica, o caos social vai nos cobrar um preço 100 vezes maior do que o coronavirus, do que essa epidemia, do que essa doença que hoje aflige a todos nós”.
“Eu tenho filhos, eu tenho meu pai. Meu pai tem 78 anos, eu tenho preocupações com ele, eu digo pra ele, não saia de casa, se for proteja, não facilite. A minha mãe idem, entendeu? Minha mãe tá sem sair de casa desde que começou essa história. Agora, e o resto? Não vai funcionar? Daqui a 30 dias nós vamos viver um caos social, 30, 45, 60 dias, e um caos, na saúde, porque o caos na saúde já está instalado há bastante tempo, essa é a verdade, não vamos fugir dessa realidade. É um risco que todos nós temos que correr, pela nossa sobrevivência, eu falo isso pela nossa sobrevivência”.
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