MANAUS – Em entrevista à TV Jovem Pan nesta segunda-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro disse ter sido pego de surpresa com a carta do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, divulgada no sábado (8).
“Me surpreendi com a carta dele, carta agressiva, não tinha motivo para aquilo. Eu falei: ‘o que está por trás do que a Anvisa vem fazendo?’ Ninguém acusou ninguém de corrupto. Por enquanto, não tenho o que fazer no tocante a isso aí”, afirmou Bolsonaro.
Barra Torres rebateu declarações em relação a supostos interesses da Anvisa na vacinação de crianças de 5 a 11 anos. A agência liberou o uso da vacina da Pfizer contra Covid em crianças no dia 16 de dezembro.
O presidente da Anvisa cobrou de Bolsonaro a determinação de investigação, caso tenha informações a esse respeito, ou retratação.
“Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, senhor presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa. Aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar”, escreveu o diretor-presidente da agência.
“Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate”, acrescentou Barra Torres, que tem mandato até 2024 e não pode ser demitido pelo presidente da República.
Barra Torres divulgou a nota após se reunir com diretores da agência, na tarde do sábado.
Na quinta-feira (6), lembra reportagem da Folha de São Paulo, Bolsonaro pediu que pais não se deixem se levar pelo que chamou de propaganda e fez insinuações contra a agência reguladora.
“E você vai vacinar teu filho contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela sua vida? É pela saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças no Brasil e não estão”, disse o chefe do Executivo.