MANAUS – O Senado Federal aprovou ontem (7) projeto encaminhado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional, de reajuste salarial de 16% aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), passando de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Segundo cálculos de consultorias da Câmara e do Senado, o reajuste poderá causar um impacto de R$ 4 bilhões nas contas públicas.
Para o deputado José Ricardo (PT), esse tipo de aumento não deveria ser prioridade nacional, uma vez que o país ainda conta com mais de 13 milhões de desempregados e ainda sentirá os duros efeitos dos retrocessos e reformas deste atual Governo, como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e a Reforma Trabalhista, que mexeu em mais de cem artigos do Código Trabalhista, retirando direitos conquistados há décadas pelos trabalhadores e trabalhadoras.
“Considero um absurdo esse tipo de reajuste. Agora, conseguimos entender tudo o que aconteceu. Muitos queriam esse aumento ainda no período em que Dilma era presidente. Naquele momento, o Brasil não sofria com esse desemprego. Pelo contrário, em dezembro de 2014 o país registrou o menor índice de desemprego da história. Mas Dilma não considerou ser prioridade. Por isso, o judiciário agiu ferozmente para prender Lula e o impedir de ser candidato, quando liderava todas as pesquisas de intenção de votos. Queremos saber cadê o presidente eleito, que fala tão grosso? Por que não luta contra esse reajuste, já que fala em reduzir despesas no Governo?”, declarou.
E falando em redução de despesas, o deputado vem criticando todos os dias anúncios feitos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na extinção de ministérios importantes e estratégicos. Desta vez, é a extinção do Ministério do Trabalho (MT), o que, para ele, irá atingir os trabalhadores. Destacou dados do MT mostrando a recuperação de mais de R$ 37 milhões de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) no Amazonas, e mais de R$ 4,1 bilhões em todo o país.
“Ainda tem muito empresário sonegador que não recolhe ou não repassa a contribuição previdenciária e do fundo de garantia. Aqui, temos um exemplo clássico, que são as empresas de transporte coletivo, que são acostumadas a recolher os impostos dos funcionários e não repassar aos órgãos competentes. São grandes sonegadoras e muitas empresas que apoiaram o golpe. Precisamos resistir a esses retrocessos e desmandos, porque é preciso cuidar da vida das pessoas”.
Nesta quarta, ele também comentou sobre a Reforma da Previdência que, como bem observou um jornalista aqui do Amazonas, a grande mídia faz silencio a respeito do relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Previdência aprovado recentemente, que aponta o rombo de R$ 450 bilhões nos cofres da Previdência Social, oriundo do não pagamento do recolhimento das contribuições previdenciárias.
“Isso prova que não existe déficit na Previdência e que o sistema não precisa mudar. O que existe é uma grande sonegação por parte de empresas privadas e também do setor público que não é cobrada pelo Governo, afetando diretamente nosso estado”, concluiu o parlamentar.