MANAUS – Um dos organizadores do protesto pró-democracia marcado para acontecer às 14h desta terça-feira (2), em Manaus, diz que o movimento surgiu de forma orgânica pela internet, sem a articulação de partidos políticos.
“O movimento ‘Amazonas pela Democracia’ surgiu ontem (domingo, 31 de maio) pela manhã no Twitter. Foi uma colocação que eu mesmo fiz na minha própria rede social. A gente acompanhou todos os atos que aconteceram em São Paulo, repudiamos totalmente o enfrentamento à polícia, é uma coisa que não vai acontecer aqui, pelo menos nós não estamos planejando isso, tanto que tudo está sendo divulgado, enfim está tudo sendo feito de acordo com a legitimidade”, diz Matheus Castro, 20, que é estudante de administração em uma universidade particular.
A partir disso, os interessados começaram a se organizar em grupos de WhatsApp. Cada um ajuda como pode, segundo Matheus. “Há advogados, que estão prestando esse apoio jurídico. Tem enfermeiros, que ajudarão com as orientações de saúde durante o protesto”, disse para o ESTADO POLÍTICO nesta segunda-feira (1º).
O protesto está marcado para iniciar às 14h no Posto 700, na avenida Djalma Batista. O roteiro e a estimativa de público não foram divulgados, conforme o jovem, para preservar os manifestantes.
“A nossa hastag foi ganhando força em todas as redes sociais e vieram com isso muitos ataques de bolsonaristas, prometendo ataques”, disse o estudante.
“Nós não estamos divulgando (o roteiro) justamente por motivos de segurança. A gente já mudou o percurso. O percurso vazou e a gente já tava recebendo ameaças de que outros grupos opostos às nossas ideias, à democracia, enfim, coisas que a gente não vai dar pauta e nem palco na manifestação. Eles falaram que iam fazer barricada, que não iam deixar a gente passar. Por conta disso, nós mudamos todo o cronograma e agora não estamos divulgando o nosso percurso”, disse Matheus.
O movimento acionou o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e as polícia Civil e Militar em busca de escolta. A manifestação, afirma o jovem, será pacífica.
A pauta da manifestação é extensa, mas foca sobretudo na defesa da democracia contra ideias totalitárias que vêm sendo pregadas em recentes movimentos Brasil afora por grupos bolsonaristas.
“Nós vamos para rua manifestar o nosso apoio à democracia, contra o fascismo, contra o neonazismo, contra aqueles que fazem apologia, contra o racismo, a favor das vidas negras, a favor das liberdades individuais, a favor das minorias. O que está acontecendo no nosso país de pedir intervenção militar, novo A.I 5, fazer apologia a todo e qualquer regime totalitário não é liberdade de expressão”, defendeu.
Matheus disse que o movimento surgiu de forma espontânea, que ele mesmo não é filiado a partido político, embora o movimento não rejeite aqueles que militam por siglas.
“O que acontece é que, dentro de toda essa movimentação, certamente existem pessoas que tem algum tipo de identidade partidária, que participam de algum partido político. Mas, o que é perceptível, eu acho que você pode acompanhar nas redes sociais, no Twitter, nas hashtags, é que a maioria expressiva pessoas que estão nos ajudando nessa ideia não tem essa identidade partidária, não fazem parte de nenhum partido”, disse.
A intenção inicial, segundo ele, está distante de querer transformar o movimento em um novo MBL (Movimento Brasil Livre).
“Eu acho que tá muito cedo para a gente falar sobre essa questão de filiação, de registrar o movimento, como eu te disse, foi um movimento muito orgânico, surgiu nas redes sociais, enfim, se tornou gigante e eu acho que isso é até simbólico, porque eu tô organizando com mais alguns amigos, outros jovens, outras jovens que procuram liderar junto comigo, porque a gente não faz nada sozinho”, afirmou.
“E nesse processo, muito antes de nós conseguirmos tomar essa proporção, foi uma ideia que já começou maior do que qualquer organizador, já começou gigante. Então, eu acho que é muito difícil, em um período como esse, principalmente por esse momento histórico que a gente está passando, delimitar o que vai acontecer daqui para frente, mas espero que seja um futuro de muitas lutas a favor do povo, a favor da democracia que é o que realmente importa”, declarou.
De acordo com o jovem, não era a intenção de nenhum deles interromper o distanciamento social durante a pandemia de Covid-19, mas o momento exigiu uma resposta da sociedade. “Vamos manter, dentro do possível, as recomendações de saúde, como usar máscaras. Estamos orientando também que as pessoas dos grupos risco a não irem”.
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