MANAUS – Lançado nesta segunda-feira (18), o “Atlas Águas – Segurança Hídrica do Abastecimento Urbano” indica que, para o Amazonas, são necessários R$ 621,1 milhões em investimentos até 2035 para universalizar o abastecimento de água no Estado. O valor representa 9,2% de todo o investimento necessário para o Norte, sendo R$ 150 milhões em produção de água (24,15%) e R$ 471,1 milhões em distribuição de água (75,85%).
De acordo com o documento, investimentos adicionais de até R$ 864,9 milhões podem ser necessários no Amazonas para a “reposição de ativos”.
O levantamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) também traça um diagnóstico do abastecimento no Amazonas, considerando o tipo de empresa que realiza o serviço, tipos de mananciais utilizados, tipos de sistemas e a população coberta pelo abastecimento urbano de água.
Conforme o documento, 28% das sedes municipais do estado foram classificadas com Média ou Baixa segurança, segundo e terceiro nível mais crítico do Índice de Segurança Hídrica Urbano (ISH-U), respectivamente, representando 77% da população do Estado.
“A maioria dos prestadores do serviço de saneamento dos municípios amazonenses é constituída por autarquias e serviços municipais, os quais estão presentes em 48 sedes urbanas que abastecem cerca de 1,0 milhão de habitantes. A Companhia de Saneamento do Amazonas (COSAMA) é responsável pelo abastecimento de 13 sedes urbanas, atendendo uma população de cerca de 239 mil habitantes”, destaca.
A atlas também mapeia a vulnerabilidade dos mananciais utilizados para o abastecimento das cidades amazonenses: nenhum está vulnerável, mas 63% precisam de adequação do sistema e e 26%, de ampliação.
“Dentre as infraestruturas em produção de água recomendadas, pode-se destacar a implantação de novos poços em Manaus, a ampliação do Sistema Produtor de Parintins e a ampliação do Sistema Produtor de Eirunepé”, diz o estudo.
Saiba mais
O atlas foi produzido com o objetivo de indicar os investimentos necessários para o abastecimento urbano de água em todas as 5.570 sedes municipais do Brasil – do manancial até as torneiras – de modo que elas possam se planejar para atingir uma maior segurança hídrica.
O lançamento aconteceu no início da tarde, em Curitiba (PR), durante o 31º Congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES).
As informações foram divulgadas pela ANA.
Foto: Dirce Quintino/FAS/reprodução
Situação nacional
O Atlas Águas indica que é necessário um investimento total de R$ 110 bilhões até o horizonte de 2035 em infraestrutura de produção e distribuição de água, reposição de ativos dessas infraestruturas, controle de perdas do recurso e medidas voltadas à gestão para melhorar a segurança hídrica das cidades brasileiras. Desse montante, o Sudeste e o Nordeste demandam 76% dos investimentos por terem os maiores contingentes populacionais e, portanto, as maiores demandas pelo recurso.
Em sua segunda edição, o Atlas Águas apresenta um novo índice de segurança hídrica para todos os municípios do Brasil, levando em consideração tanto o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH) quanto as recentes crises hídricas ocorridas em diferentes regiões do País. Nesse sentido, o levantamento aponta que 77,3 milhões de brasileiros (36% da população urbana) vivem em 1.975 cidades com abastecimento de água classificado com segurança hídrica média; 50,8 milhões em 785 cidades com segurança hídrica baixa ou mínima; 50,2 milhões em 2.143 sedes urbanas com alta segurança hídrica; e 7 milhões em 667 cidades com segurança hídrica máxima.
Para o Atlas chegar a esses números, foi necessária a análise de 4.063 pontos de captações de águas superficiais e 14.189 captações subterrâneas. Essa avaliação da segurança hídrica das sedes municipais também considerou a vulnerabilidade dos mananciais, a capacidade dos sistemas produtores de água, o desempenho dos sistemas de distribuição com base na cobertura da rede e no gerenciamento de perdas de água. Além disso, a base de dados do levantamento envolveu o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), prestadores de serviços de saneamento e instituições públicas e privadas de todo o País.
Já em termos de vulnerabilidade dos mananciais, 56% das cidades possuem mananciais não vulneráveis no aspecto de segurança hídrica, eventos críticos (como secas e enchentes), mudanças climáticas e resiliência – totalizando uma população de 105,6 milhões de pessoas. Nas demais 44% das cidades, há mananciais com vulnerabilidade, sendo que as fontes d’água com alta vulnerabilidade atendem a 5,8 milhões de habitantes. Em 39% das cidades, há sistemas produtores de água satisfatórios, em 42% são necessárias ampliações das unidades e em 19% há necessidade de adequações nos sistemas.
Com relação às perdas de água no abastecimento, o Atlas indica que 22% das cidades brasileiras utilizam os recursos hídricos de modo ineficiente (Classe D), 13% necessitam reduzir vazamentos (Classe C), 19% têm potencial para melhorias significativas no tema (Classe B) e 46% precisam realizar avaliações para confirmar a efetividade das melhorias nos índices de perdas (Classe A2). Nenhum município brasileiro está na Classe A1, a mais eficiente segundo a classificação internacional. Sobre os índices de cobertura do abastecimento, 3.574 cidades têm índices superiores a 97%; 725 possuem cobertura entre 90% e 97%; 732 sedes urbanas registram um patamar de 70% a 90%; enquanto 539 apresentam índice inferior a 70%.
Os dados da publicação poderão ser acessados via hotsite do Atlas Águas e por meio de aplicativo de celular Água e Esgotos, que é gratuito e está disponível na Google Play Store (para dispositivos Android) e na App Store (iOS). Com isso, órgãos governamentais, prestadores de serviços de abastecimento e a sociedade em geral poderão acessar as informações nacionais, regionais, estaduais ou municipais sobre o tema.
Acesse
As informações resumidas por estados podem ser conferidas no documento abaixo:
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