MANAUS – Referindo-se à condução do depoimento do deputado estadual Fausto Junior (MDB), o ex-prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB) classificou o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD), como “destemperado”.
A opinião de Arthur foi publicada em artigo no site Radar Amazônico no dia 30 de junho, um dia após o depoimento de Fausto na CPI da Pandemia.
“(…) a CPI virou palco de disputas regionais e, talvez, tenha vivido seu momento mais improdutivo. O deputado, visivelmente fora do seu ambiente, e o senador, um tanto destemperado, tentando a todo custo esconder sua aliança com esse desastre público e político que se chama Wilson Lima”, escreveu Arthur no artigo intitulado “Que Barraco”. O tucano protagonizou durante sua gestão à frente da Prefeitura de Manaus uma série de ataques ao chefe do Executivo Estadual. Fora do cargo, Arthur segue com a mesma tática.
Relator da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Fausto foi convocado para prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga ações e omissões do governo federal durante a pandemia e da crise do oxigênio no Amazonas na segunda onda da pandemia no Estado, em janeiro deste ano.
Durante a sessão, Fausto Junior foi pressionado pela oposição e a base de Jair Bolsonaro a dizer porque em seu relatório na CPI da Saúde da ALE-AM, em 2020, não pediu o indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
Com articulação de Braga e da base de Jair Bolsonaro, Fausto Junior foi convocado para depor em uma tentativa de jogar responsabilidade exclusiva ao Amazonas pela crise da saúde no Estado durante a pandemia, sobretudo na segundo onda. Essa era uma das estratégias dos governistas para tentar minimizar o desgaste do presidente na CPI.
No entanto, Fausto Junior acabou saindo da sessão com a pecha de aliado de Wilson. E tendo pontos sensíveis da atuação política e pessoal da família dele expostos em rede nacional.
No artigo, Arthur destaca que Fausto Junior “acusou o presidente da Comissão, senador Omar Aziz, de [quando governador] ter pago mais de R$1 bilhão, a título de indenizações, e ligou o referido parlamentar à “famosa” Operação Maus Caminhos que, segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, subtraiu dos recursos da saúde estadual mais de R$260 milhões”.
“O tempo fechou e Aziz passou a acusar o deputado e sua mãe, a sra. Yara Lins, conselheira do TCE, de enriquecimento ilícito. Ameaçou o deputado de prisão, depois deixou o dito pelo não dito e, afinal, anunciou que a CPI iria fazer uma devassa na vida patrimonial e profissional da doutora Yara”, completou o ex-prefeito.
Arthur vem afirmando que quer ser o candidato tucano à Presidência da República em 2022. Em maio, o vice-governador Carlos Almeida assinou ficha de filiação partidária ao PSDB. O objetivo tucano: crença no afastamento de Wilson Lima (PSC) do governo, em decorrência dos processos em andamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nesse cenário, Carlos pode assumir o Executivo no Amazonas e compor com Arthur para as eleições de 2022.