MANAUS – O prefeito do município de Tapauá José Bezerra Guedes, conhecido como “Zezito” (PMDB), disse em depoimento ao Ministério Público Estadual (MP-AM) que recebeu durante os governos de Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD) salário de R$ 6 mil pelo cargo de assessor. O político foi preso durante a operação “Tapauara”, do MP-AM, acusado de integrar organização criminosa que desviou R$ 60 milhões dos cofres do município.
No depoimento, Zezito afirma que perdeu o cargo comissionado quando José Melo assumiu o governo estadual. Em fevereiro de 2015, projeto de reforma administrativa anunciado por Melo, acabou com os mais de 100 cargos que ficaram conhecidos na imprensa local como “mensalinho baré”.
Zezito reassumiu na semana passada o cargo de prefeito de Tapauá após decisão da Justiça. No dia 23 de abril, o desembargador Anselmo Chíxaro, autorizou o retorno do prefeito e de outros 9 vereadores aos cargos.
O prefeito foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MP-AM), pelos crimes de ameaça, uso de “laranjas”, corrupção ativa e passiva, fraudes a procedimentos licitatórios, lavagem de dinheiro e abuso de autoridade, que vieram a público pela operação “Tapauara”, em 28 de novembro de 2017. De acordo com a denúncia, todos os delitos praticados pela “organização criminosa” tinham o objetivo um esquema de corrupção generalizada, através do pagamento de propina e “mensalinho” a vereadores para aprovação de processos licitatórios.
O depoimento de Zezito e de outras 21 pessoas investigadas pelo Ministério Público na operação Tapauara foram utilizados na decisão da Justiça.
“Mensalinho Baré”
Fabricados em setembro de 2005, na gestão do então governador Eduardo Braga (PMDB) para acomodar aliados políticos, a justificativa para a criação do cargos foi de que serviriam para a fiscalização das ações do Programa Zona Franca Verde. Na lista de supervisores estavam principalmente políticos: ex-prefeitos e lideranças políticas dos municípios do interior do Estado. Os salários variavam de R$ 7 mil a R$ 5 mil, cada. / J.A.