MANAUS – Em uma série de tuítes, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) comentou o desfile militar realizado em Brasília nesta terça-feira (10), dia em que a Câmara dos Deputados analisará a PEC do voto impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
A expectativa é que a proposta seja derrubada em votação no Plenário da Câmara. O desfile foi visto no meio político como uma tentativa de intimidação do Congresso para a aprovar a PEC.
Braga reafirmou sua defesa pela democracia no país, “regime em que o povo, de forma soberana, escolhe seus governantes por meio do voto; que estabelece as liberdades nos limites e na forma da Lei, e que respeita as minorias e as diversidades”.
“Nos causa, no mínimo, estranheza o desfile realizado nesta manhã, na Esplanada dos Ministérios, com tanques e aparatos bélicos. Se fosse num 7 de setembro, nada causaria, pois o povo brasileiro até gosta”, escreveu.
Segundo o senador, tal evento ocorre, justamente, no dia em que as duas Casas que compõem o Congresso Nacional se preparam para “enterrar” duas matérias simbólicas. “Hoje, o Senado vai acabar com um resquício da ditadura, a ‘Lei de Segurança Nacional’, e votar a Lei do Estado Democrático, em que as liberdades e as responsabilidades estarão garantidas na forma da lei”, publicou.
“Já a Câmara dos Deputados deverá colocar uma pedra definitiva sobre uma tentativa de um retrocesso – o voto impresso”, reforçou.
Com 40 anos de vida pública, Braga diz conhecer bem as deficiências do voto impresso e do chamado mapismo manual (adulteração dos votos), “fraude da qual já fui, inclusive, vítima”. Ele não detalhou em qual eleição teria sido prejudicado pela fraude.
“As urnas eletrônicas são, na minha opinião, seguras e podem ficar melhores”, disse. “Por que não podemos contar com o banco de dados salvaguardado num outro mainframe (computador de grande porte) criptografado como um backup podendo ser auditado a qualquer momento e a qualquer instante?”, sugeriu.
O desfile
O desfile dos veículos militares, que durou cerca de 10 minutos, provocou reação por ocorrer em um momento de tensão institucional, além de ser a data prevista para que a Câmara dos Deputados vote a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. A sessão está marcada para começar às 15h. Bolsonaro já assume a possibilidade de derrota.
Parlamentares independentes e da oposição interpretaram o desfile atípico como uma tentativa de intimidação em prol do voto impresso, defendido por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Até aliados criticaram o desfile.
Nesta manhã, a Marinha passou com blindados e outros veículos militares em frente ao Palácio do Planalto para entregar um convite ao presidente Jair Bolsonaro assistir a um exercício militar que ocorre todos os anos na cidade goiana de Formosa, no Entorno de Brasília. Participam da chamada operação “Formosa” veículos que saem do Rio de Janeiro.
Apesar de o evento ser anual (realizado desde 1988) e o presidente da República da vez ser sempre convidado, não é comum que seja organizado um desfile para fazer o convite.
Bolsonaro recebeu o convite no alto da rampa do palácio, das mãos de um militar. O presidente estava acompanhado de ministros do governo e dos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica.