Por Lúcio Pinheiro |
O secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Vinicius Almeida, defendeu neste sábado (6) a abordagem realizada por uma equipe da Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), na quinta-feira (4), em Manaus, em um veículo onde estava o deputado federal Amom Mandel (Cidadania).
Para o coronel, a conduta dos policiais foi correta e o deputado federal transformou em “crise” uma abordagem que “qualquer cidadão” está sujeito a ser submetido.
“Uma crise que surge de uma abordagem que está prevista no procedimento operacional padrão da PM (Polícia Militar), que faz parte da rotina, em que qualquer cidadão, qualquer pessoa, pode ser abordada”, disse o comandante.
“Nosso trabalho é levar segurança pública para o povo. Nosso trabalho é tratar o cidadão de maneira igualitária. Não interessa quem é o CPF do outro lado. Não tem como sabermos em uma abordagem se é um deputado federal, um senador, se é um político, se é um juiz. É impossível saber”, completou Vinicius.
O secretário resumiu o episódio a uma “abordagem padrão” em que o alvo do procedimento ficou contrariado e desrespeitou os policiais.
“O que aconteceu foi uma abordagem padrão da Polícia Militar e que ao final os policiais foram desrespeitados, humilhados e esses são os fatos”, disse o titular da SSP.
‘Cortina de fumaça’
Na sexta-feira (5), ainda contrariado com a abordagem, Amom denunciou o caso à Polícia Federal (PF).
No relato à PF e em manifestações nas redes sociais, Amom atribuiu a abordagem que sofreu à retaliação por ter, em dezembro, levado à PF documentação que atribui suposto envolvimento da cúpula da SSP com membros de organizações criminosas.
Vinicius classificou a versão de Amom como uma “cortina de fumaça”. Isso porque, segundo ele, toda a cidade sabia, de antemão, que o local onde houve a abordagem, no bairro Jorge Teixeira, na zona Leste, seria alvo de operação das forças de segurança naquele dia.
“Numa forma de criar uma cortina de fumaça, a gente está vendo, em pelo menos nas últimas 48 horas, diversas ações, diversas narrativas, surgirem a respeito do fato. Uma delas, inclusive a mais recente, é que teria sido feita uma abordagem em virtude de uma denúncia realizada. Veja: o local onde está sendo realizado o início da operação, foi um local inclusive que foi pauta enviada à toda a imprensa, foi pauta de imprensa. Todo mundo sabia onde iria iniciar a operação. Nenhum de nós sabe qual é o carro do deputado ou de qualquer outro cidadão, não tem por que saber, para fazer uma ação direcionada”, declarou o comandante.
Segundo o comandante, o veículo do deputado tem vidros 100% escuros, estava com o farol desligado e se deslocava fazendo mudanças de faixa. Esses foram os elementos que levaram os policiais a realizarem a abordagem.
“O motivo da abordagem é que o veículo estava todo apagado. E o relato da guarnição é que o veículo mudava de faixa. O que os levou, dentro de uma área de operação, a ter uma abordagem. Uma abordagem com um veículo insulfilm 100% e o procedimento padrão é, sim, abordar com arma em punho”, disse o comandante.
Durante a abordagem, Amom deu voz de prisão à guarnição que o parou e ao subcomandante do Comando Policial Especializado (CPE), Peter Santos.
Após a presença no local do secretário de Segurança e do subcomandante da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), coronel Thiago Balbi, o caso acabou com todos indo registrar o fato no 14º Distrito Integrados de Polícia (DIP). Ninguém foi preso.
Outro lado
Após a coletiva do secretário de Segurança, Amom divulgou uma nota, onde mantém a acusação de ter sido alvo de uma “abordagem policial truculenta”.
No dia do fato, Amom estava no carro com Sarah Mariah, que na nota é definida como “companheira” do parlamentar, e uma amiga do casal.
No X (antigo Twitter), Sarah disse que era ela quem dirigia o carro. A jovem também acusou os policiais de terem agido com truculência.
Leia abaixo a íntegra da nota:
Todas as informações referentes à denúncia feita pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) à Polícia Federal, sobre o suposto envolvimento de membros da alta cúpula da Segurança Pública do Amazonas com organizações criminosas, foram divulgadas nesse sábado (06/01) à imprensa local. Junto a esse material estavam as informações sobre a consequente abordagem policial ocorrida na última quinta-feira, 4 de janeiro de 2024.
A denúncia à PF, que ocorreu no dia 13 de dezembro de 2023, foi mantida em sigilo por questões de segurança. Nas semanas seguintes, o deputado sofreu ameaças, insinuações e intimidações de diversas vertentes, além de ter sido alvo, junto com a sua companheira, de uma abordagem policial truculenta. Por esse motivo, Amom decidiu trazer a público o caso, como tentativa de se resguardar. Sendo assim, é falsa a afirmativa do secretário de Segurança Pública do Amazonas, Cel Marcos Vinícius, dita em coletiva, de que o deputado fez uma cortina de fumaça.
A abordagem policial truculenta foi relatada à Polícia Federal e foi apensada como parte da investigação anterior. Esse inquérito irá apurar tanto o envolvimento da alta cúpula da segurança pública com facções criminosas, quanto as intimidações contra o parlamentar. As medidas cabíveis foram tomadas e a investigação dos fatos será feita de acordo com os trâmites legais.
Amom Mandel (Cidadania-AM)
Deputado federal
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