Por Lúcio Pinheiro |
Então aliados na bancada de oposição, os vereadores Amom Mendel (Cidadania) e Rodrigo Guedes (Progressistas) trocaram acusações durante a sessão desta segunda-feira (31) na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Entre as acusações, os parlamentares apontaram chantagem política com influência no Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e uso da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), o Cotão, para financiar produtores de fakenews.
A discussão iniciou após Amom insinuar que Rodrigo apresentou um requerimento em dobradinha com a base de David.
O documento, aprovado na sessão, pede que David Almeida (Avante) explique, por escrito, a notícia veiculada na imprensa nacional de que, na campanha de 2020, membros de organização criminosa arregimentaram votos para o prefeito em troca de obras nas áreas dominadas pelos criminosos.
Amom apresentou requerimento tratando do mesmo assunto, mas não foi aprovado.
Para o vereador do Cidadania, o pedido de explicações de Rodrigo é brando, pois não aponta nenhum questionamento específico a ser respondido pelo prefeito.
Rodrigo não gostou da crítica. “Qualquer ilação que eu possa ter conversado com qualquer vereador da base do prefeito e combinado é de uma falta de caráter que eu nunca vi na minha vida”, afirmou o paramentar do Progressistas.
Amom pediu a palavra e manteve as críticas ao requerimento de Rodrigo.
Em seguida, passou a falar de uma investigação feita pelo gabinete dele, sobre gastos do vereador do Progressistas, via Cotão, com uma empresa contratada para alimentar as redes sociais de Rodrigo.
Segundo Amom, a empresa que presta serviço para Rodrigo é a mesma que produz conteúdo de cunho difamatório contra vereadores e deputados estaduais.
“Falam de mim, da deputado Joana Darc, Diego Afonso, Adjuto Afonso, Cabo Maciel, Silas Câmara, Bolsonaro, Wilson Lima, Capitão Carpê, Alberto Neto, Débora Menezes, Roberto Cidade, dentre vários outros. Sempre postagens de cunho difamatório. […] Descobrimos que essa empresa era a empresa que o vereador Rodrigo paga com o Cotão dele”, disse Amom.
O vereador, que foi eleito deputado federal nas eleições deste ano, informou que apresentará as informações para a Comissão de Ética da CMM.
Após as acusações, Rodrigo pediu direito de resposta. Na tribuna da CMM, ele afirmou que contratou a empresa citada, mas apenas para lhe prestar assessoria nas redes sociais. O vereador disse desconhecer as postagens feitas pela contratada atacando políticos no Amazonas.
Após ameaçar falar de conversas privadas entre ele e Amom, Rodrigo acusou Amom de usar suposta influência que teria no TCE-AM para receber apoio político.
Rodrigo já foi secretário municipal, na gestão de Arthur Neto (PSDB). O vereador disse que Amom teria oferecido ajuda em um processo no TCE-AM, onde o ex-secretário presta contas de sua gestão.
“Vossa Excelência andava, não sei se ainda anda, com uma lista de processos do Tribunal de Contas, no seu celular. E Vossa Excelência, duas vezes, uma vez em um restaurante no Vieiralves, falou, no meio de uma conversa, sem eu pedir ajuda nenhuma, que, vou usar essas palavras: ‘Deixar eu ver uma coisa aqui’. Olho uma lista de processos e falou que o meu processo poderia estar com um suposto relator. […] E aí, em uma segunda vez, em um ligação, Vossa Excelência falou: ‘Já decidiu sua vida?’. Eu disse: ‘Ainda não’, politicamente falando. Ai Vossa Excelência falou: ‘Se quiser ajuda no processo, a gente pode conversar’”, acusou Rodrigo. “Tentou por duas vezes me chantagear para lhe apoiar”, completou.
Amom é enteado do conselheiro do TCE-AM, Mário de Mello, ex-presidente do tribunal. O vereador negou a acusação.
O vereador disse que Rodrigo vai ter que provar as acusações na Comissão de Ética da CMM.
Até então, Amom e Rodrigo faziam dobradinha na oposição. É de autoria deles a ação na Justiça que impediu que a CMM fizesse uma ampliação de sua sede de mais de R$ 30 milhões.