MANAUS – O Governo do Amazonas divulgou na madrugada desta quarta-feira, 30, que recebeu uma recomendação de representantes de órgãos de controle para que o Estado feche temporariamente as atividades econômicas como forma de tentar frear o aumento de casos de Covid-19.
Segundo o governo, a recomendação foi entregue ao Estado durante uma reunião, no final da noite de terça-feira, 29, entre o governador e representantes dos órgãos do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público do Estado (MPE), Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública do Estado (DPE).
“O governador Wilson Lima recebeu para uma reunião, no final da noite desta terça-feia (29/12), representantes de órgãos de controle do estado. Eles recomendaram ao Governo do Estado o fechamento das atividades econômicas devido ao aumento de casos de Covid-19”, informou a Secretaria de Estado de Comunicação do Amazonas (Semcom).
A recomendação é feita três dias após o governo ser pressionado por empresários do comércio para flexibilizar as medidas restritivas estabelecidas a algumas atividades econômicas no dia 26. A decisão pela flexibilização, na ocasião, foi tomada após reunião também no final da noite, que contou com a participação dos órgãos de controle.
Segundo o Governo do Amazonas, o posicionamento dos órgãos de controle, agora manifestado por escrito na recomendação, fazendo a defesa do fechamento das atividades econômicas, será avaliado pelo Comitê do Governo do Estado de Enfrentamento à Covid-19.
“Diante do aumento dos casos que tivemos nas últimas 48 horas, os órgãos de controle elaboraram uma nota conjunta e me entregaram juntamente com a minha equipe de saúde, e nós vamos avaliar todas as recomendações que foram dadas para entender que caminhos a gente pode seguir, levando em consideração que precisamos garantir a assistência, ampliar a nossa rede, o que nós estamos fazendo, e encontrar um equilíbrio entre as atividades econômicas. Mas não há outro caminho e a ciência não nos aponta outro caminho a não ser evitar aglomerações. Então estamos estudando nas próximas horas que medidas vamos tomar para poder conter o aumento que nós estamos tendo de Covid-19 no estado”, informou Wilson por meio da Secom.
A Secom enviou à imprensa uma declaração da procuradora de Justiça Silvana Nobre Cabral, onde ela enfatiza que a decisão dos órgãos em recomendarem a nova medida ao governo foi feita com base na análise do cenário epidemiológico da Covid-19 no Amazonas.
“Os órgãos de controle observaram a necessidade, a partir da mudança de realidade que se deu até o dia 29, que a rede está passando por um sufocamento e a única medida mais efetiva para fazer esse controle é a restrição social ser implementada de uma forma mais abrangente”, disse Silvana, segundo a Secom.
O procurador do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento, de acordo com a Secom, também defendeu a adoção de novas medidas de restrições junto à população.
“A recomendação é para aumentar as restrições em razão do aumento dos casos. Então nós fizemos isso justamente porque, até com base no próprio plano de contingência do Estado do Amazonas, nós estaríamos na fase vermelha, que é a fase quatro, e exigiria a criação de mais leitos por conta da demanda que o sistema de saúde está exigindo por conta do aumento no estado. Existem muitos pacientes que estão precisando entrar no sistema de saúde pública, e por isso há necessidade de criação de novos leitos, mas também para que isso não fique interminável, porque existe uma capacidade máxima de atendimento, até por conta dos insumos, o estado precisa adotar medidas também em relação à população e a maior política, aí nesse caso, é isolamento e a restrição”, declarou o procurador.
Jorsinei Dourado ainda pontuou que todas as recomendações foram feitas com base nas informações e dados fornecidos pelo Governo Estadual.
“Toda essa recomendação que nós fizemos é baseada em dados que foram disponibilizados pelo próprio Governo do Estado, e a intenção é realmente deixar mais claro e chamar atenção quem sabe nesse bom sentido de que o estado possa revisar os seus atos e tentar conciliar os interesses, porque existe o problema da saúde e do fechamento das atividades econômicas, então é possível buscar uma conciliação, mas colocando em primeiro lugar a questão da saúde pública, as questões sanitárias”, disse o procurador, informou a Secom.
“O Governo do Amazonas tem feito a sua parte. Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, ampliou o número de leitos em mais 200% na rede estadual de saúde. Tem posto em prática seu Plano de Contingência, que atualmente está na sua quarta fase, incluindo a mudança do perfil das unidades, afim de atender prioritariamente os pacientes acometidos pela Covid-19, além de buscar parcerias com instituições como Beneficente Portuguesa e Hospital Getúlio Vargas (HUGV) para ampliação da oferta de leitos. O estado também tem recebido atenção especial do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, com o envio de equipamentos e insumos para montagens de mais leitos no estado”, informou o governo no final do comunicado à imprensa.
Números recordes
O boletim diário divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) nesta terça-feira, 29, trouxe a confirmação de mais 1.447 novos casos de Covid-19, totalizando 198.201 casos da doença no estado.
O número de 1.447 novos casos é similar aos registro dos mês de maio e junho, período considerado o pico da pandemia no Amazonas.
Os registros de óbitos também retomaram nesta terça-feira o mesmo cenário durante o pico da pandemia.
Segundo o boletim da FVS, foram confirmados 26 óbitos por Covid-19, sendo 15 ocorridos na segunda-feira (dia 28/12) e 11 encerrados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial, elevando para 5.232 o total de mortes.
Novas internações
O boletim de terça-feira também aponta um recorde no número de internações novas em um período de 24 horas em Manaus. Segundo o documento, foram 112 novas hospitalizações nesta terça-feira.
O maior número de internações registrado em um dia em Manaus era 105, e ocorreu durante o pico da pandemia – uma vez no dia 22 de abril, e a outra em 4 de maio.
FOTOS: Diego Peres / Secom