MANAUS – O embarque de Hissa Abrahão (PDT) na campanha pela pré-candidatura de Ricardo Nicolau a prefeito sepulta de vez qualquer chance de aliança do deputado estadual com o atual ocupante do cargo, Arthur Neto (PSDB).
Vice-prefeito de Arthur entre 2013 e 2014, Hissa rompeu com o tucano no fim de 2013, quando tentava viabilizar sua candidatura a governador (ainda pelo PPS, hoje Cidadania) a contragosto do prefeito, que acabou por demitir o vice, ao vivo em um programa de rádio, do cargo de secretário de Infraestrutura.
Desde então, Hissa é crítico ferrenho da gestão de Arthur.
Ricardo Nicolau também está mais enfático ao criticar o antigo aliado.
Antes do anúncio do ingresso do partido de Hissa na coligação, o que aconteceu nesta sexta-feira (4), Nicolau fazia críticas mais sutis à prefeitura e não diretamente a Arthur.
Na sexta, ele engrossou o discurso crítico. Disse que Arthur vai deixar uma dívida de R$ 1 bilhão para o próximo prefeito pagar, “um rombo nunca visto de empréstimos, com juros de mercado, que serão pagos pela população nos próximos anos”. Também afirmou que o tucano tirou dinheiro dos cofres da prefeitura “para entregar a empresários”.
O release distribuído pela assessoria de Nicolau também marca na nova posição do prefeiturável e traz como título “Ricardo Nicolau sela aliança com PDT Amazonas e lança críticas à atual administração municipal”, com o texto destacando algumas falas.
No início do ano o cenário era outro. A família Nicolau se aliou à prefeitura tucana na gestão de um hospital de campanha Gilberto Novaes para tratar pacientes com Covid-19, cedendo profissionais e equipamentos da rede Samel para o local.
Foi o segundo movimento de Nicolau e o mais importante para consolidar sua pré-candidatura. O primeiro foi o lançamento do programa “Pra Frente Manaus”, em fevereiro.
O hospital de campanha foi o ápice da parceria de longa data entre os Nicolau e Arthur. Em 2016, eles contrariaram a decisão do próprio partido. Na ocasião, o PSD decidiu coligar com o Partido da República (PR, hoje PL), que tinha como candidato o deputado Marcelo Ramos, que foi para o segundo turno contra Arthur e perdeu. Ricardo e Hiram, no entanto, mantiveram-se fiéis a Arthur.
Mas, para 2020, a órbita de Arthur dá sinais de preferência pela candidatura do ex-prefeito Alfredo Nascimento (PL).
Antes do encerramento das atividades do Gilberto Novaes, o primeiro sinal de conflito. Em junho, a Samel entrou na Justiça para que a prefeitura devolvesse os equipamentos doados para o hospital, que começava a ser desativado.
De lá para cá, Nicolau lançou sua pré-candidatura, que era cotada como uma das que pudesse ter o apoio de Arthur e, consequentemente, da poderosa máquina municipal. Agora, não há mais essa possibilidade.