MANAUS – Em entrevista ao site no último sábado (1º), no porto de Manaus, o superintendente da Zona Franca de Manaus (ZFM), Alfredo Menezes, afirmou que a chance do modelo recuar sob o governo de Jair Bolsonaro é “praticamente zero”.
Para Menezes, quem faz “mídia negativa” aventando sobre o fim do modelo não é o governo, e isso sim é que pode atrapalhar os investimentos na ZFM.
O superintende afirmou que o governo federal tem feito muito pela ZFM, à medida que pensa e executa alternativas para a economia do Amazonas. Exemplos disso, lembrou Menezes, são os anúncios da criação do Conselho da Amazônia e da Secretaria da Amazônia, esta última com sede em Manaus.
Menezes falou com a reportagem do ESTADO POLÍTICO enquanto aguardava a chegada do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que embarcaria para uma agenda com o governador Wilson Lima (PSC) na zona rural de Manaus.
O superintendente não participou das atividades. “Tinha outros compromissos na cidade agendados previamente”, informou Menezes.
Estado Político: O Sr. Acredita que o Aliança Pelo Brasil estará apto para as eleições 2020?
Alfredo Menezes: Não sei, não tenho assim, base de dados. Semana que vem eu vou a Brasília, eu estive aqui com o vice-presidente Luís Felipe Belmont, até naquele momento, semana passada, nós tínhamos atingindo 280 mil, aí tem que ver a evolução dessa última semana. Pelo que eu vi, a meta do estado do Amazonas a gente já atingiu, agora não sei como é que está no Brasil, mas eu acho que o movimento está crescendo bastante sem uma interferência grande de órgãos, não posso nem afirmar, tem que conversar, semana que vem eu vou a Brasília.
Estado Político: Qual sua agenda em Brasília?
Alfredo Menezes: Eu tenho agenda pública, vou na terça (4) à tarde ou à noite. A ideia é fazer contato com os ministérios, tem assuntos da Zona Franca, e eu já reservei para falar com o doutor Luís Felipe e ir formalmente para ver como é que está, que ele dá um overview (visão geral) dessa situação do partido.
Estado Político: O site O Antagonista publicou notas falando do seu envolvimento com o partido no Amazonas e de que será o senhor o presidente da sigla aqui. Há alguma conversa nesse sentido?
Alfredo Menezes: Tenho falador até essa data aqui agora, 1º de fevereiro, reiteradamente, e é a pura verdade, eu não conversei, por exemplo, com o presidente do partido, do futuro partido, do presidente da República, por nenhuma liderança, não conversei pedindo, nem arguindo, nem solicitando absolutamente nada. É um assunto que não faz parte da nossa pauta, por mais proximidade que a gente tenha, nem sobre liderança, nem sobre lançar candidato, absolutamente nada. Até porque, o primeiro objetivo que tem que ser construído é exatamente esse das assinaturas, e o partido decidiu. Como vocês bem sabem: ‘Olha, ele podia ter designado fulano de tal para esse estado, para coordenar’. Não designou nada, deixou à disposição como eu falei anteriormente para a população, essa é a mais pura verdade, não tem nada, nada, nada.
Estado Político: O Aliança Pelo Brasil, não saindo enquanto partido até as eleições, o senhor tem alguma pretensão de disputar as eleições?
Alfredo Menezes: Hoje, zero, nenhuma. O único acordo que eu tenho com o presidente, e eu tenho falado reiteradamente, apesar das pessoas ficarem jogando, as pessoas que eu falo são os interessados, para cá vai ser candidato, para lá, negativo. O único compromisso que eu tenho com o presidente é o de continuar com a Suframa, ele também não me chamou para dizer ‘não vai, vai para cá agora’.
Estado Político: E a reunião do CAS? O senhor convidou o presidente, ele vem?
Alfredo Menezes: Convidei, é um dos assuntos que eu vou tratar em Brasília. A reunião do CAS vai ser dia 20 de fevereiro, como qualquer outra reunião, a gente convidou o presidente. É uma coisa que a gente tem que construir. Então, no caso da vinda do presidente, com relação a esse tema, o presidente fala assim, ok, aí você vai pela agenda pública, como qualquer autoridade, você tem que se cercar de determinadas informações, essas informações estão sendo processadas, repassadas, aí até uma semana antes, quando realmente a decisão acontece, e aí vem aquele destacamento precursor, e aí a gente só vai saber disso em cima. Mas o convite existe, está tudo sendo construído, e a gente espera que dê certo.
Estado Político: O senhor vê ainda algum risco, um motivo para temer a descontinuidade do modelo Zona Franca de Manaus, dada as declarações de alguns ministros criticando o modelo?
Alfredo Menezes: Deixa eu falar assim com todo o carinho, eu não vejo risco absolutamente nenhum, o risco é praticamente zero. Eu creio que o que temos que fazer é criarmos uma mídia positiva, porque quem nos atrapalha somos nós mesmos. Diz um ditado que quem coloca a forca em nós somos nós mesmos. Vetores novos que estão surgindo, oportunidades novas para a nossa região, vetores econômicos, por exemplo, só essa semana eu fui numa empresa, que ela tem 25 mil metros quadrados de área. É metade do tamanho desse porto. Aí fui numa outra agora com o governador, a Michelin , a mesma coisa. Aí essas coisas têm que ser divulgadas, entendeu, não vejo risco nenhum, qualquer pessoa pode falar aí, o pessoal quando fala em Zona Franca, está aqui a maior prova do comprometimento do presidente, da equipe econômica com a região, está aí. Vem cá, qual foi o presidente que criou algum Conselho? Aí o presidente criou um conselho para a Amazônia, sabe o que é um conselho? É um órgão que vai gerir vários ministérios, aí tem força de proteção ambiental, aí o cara fala o seguinte: ‘Isso nunca funciona’. Como não? Um órgão de coordenação, transversalidade, aí o presidente vem e cria a Secretaria da Amazônia. E quem nunca fez nada? Tem gente que não entende isso. Essa é a maior prova de que o Governo Federal está preocupado, e estamos fazendo não é uma preocupação, nós fazemos as coisas, isso incomoda. Está aqui, bioeconomia está sendo feita agora, o ministro esteve no CBA, que vai ser um centro de negócio, isso eu falei no início da minha gestão, temos cinco prioridades, polo digital, mineração, piscicultura, turismo e bioeconomia. O futuro aqui da Amazônia, bioeconomia, aí o cara diz o seguinte: ‘pô, vai trocar o polo’. Não! Vai complementar, mas quem que pergunta isso, quem nunca fez nada. Nós não podemos ficar de pires na mão até 2073, nós temos que construir. Agora, quem nunca fez nada nos últimos 50 anos para construir fala: ‘vai querer colocar a culpa em economia agora, e a nossa Zona Franca?’. Não, é complementar, meu amigo. As pessoas que nunca fizeram nada sempre veem o copo meio vazio, claro que tem que mudar, entendeu? A gente tem que estar mudando sempre, a gente não pode os próximos 50 anos ficar com o pires na mão dizendo que nós estamos defendendo o modelo, tem que ter atividades econômicas complementares que podem ser no futuro, se tornarem uma nova oportunidade de negócio. Hoje você tem uma profissão, de repente aparece outra oportunidade. O presidente, a equipe econômica, estão construindo isso, não são com discursos, são com ações, e eu acho que é isso que a gente tem que ver. Porque se a gente reverberar alguma coisa negativa prejudica o investidor lá fora, aí fica comprando isso daí, o cara não investe, a gente tem que construir coisas positivas no meu ponto de vista.