MANAUS – Eleito presidente da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado) nesta quinta-feira (03), o deputado estadual Roberto Cidade (PV) está sendo acusado pela deputada estadual Alessandra Campelo, do MDB, de tramar a queda de Wilson Lima (PSC) do posto de governador do Estado.
Segundo a parlamentar, Cidade foi o principal articulador da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que permitiu a antecipação da eleição da Mesa Diretora da ALE-AM, antes realizada na última sessão plenária do ano, para esta quinta. Alessandra sustenta que Cidade negociou não o cargo de presidente do Poder Legislativo, mas sim a sucessão do governo do Estado numa eventual cassação do mandato de Wilson Lima.
“Os deputados rasgaram a Constituição do Estado, não para eleger a Mesa, mas em um golpe de bastidores, porque o que estava sendo discutido não era o cargo de presidente da Assembleia, mas a cadeira do governador do Estado que vai ser tomada pelo deputado Roberto Cidade e a vaga (de conselheiro) do TCE-AM, que também foi entregue e negociado para um deputado. Eu acredito na Justiça, inclusive retirei a minha candidatura porquê com esse tipo de golpe eu não comungo. Fui convidada para fazer parte desse golpe mas não aceitei, porque não fui eleita pelo povo do Amazonas para tramar golpes para derrubar outras pessoas de outros cargos”, disse Alessandra em entrevista à imprensa.
Dos 24 deputados estaduais, 16 votaram na chapa encabeçada por Roberto Cidade para presidência da Casa. Alessandra, até então, figurava como a candidata apoiada por Wilson para o cargo de presidente da ALE-AM. O nome da deputada, segundo parlamentares ouvidos pelo ESTADO POLÍTICO, não contava com a simpatia dos deputados da base que decidiram se rebelar contra o governador.
Alessandra promete recorrer ao Tribunal de Justiça do Amazonas para anular a votação.
“Não só eu, mas vários colegas vão recorrer à Justiça, há várias irregularidades, como, por exemplo, não foi utilizado o Regimento Interno, e tudo na ALE-AM é feito baseado no Regimento. Não foi dado o direito de fala e nem foi respondida as questões de ordem, simplesmente foi arquitetado um golpe baixo, sujo, mas acima de tudo, burro, porque sequer observaram as normas legais para concretizar esse feito e em um futuro próximo roubar a cadeira do governador e também negociar a vaga de conselheiro do TCE-AM”, declarou Alessandra.
“A mais grave irregularidade cometida aqui foi em 3 minutos terem realizado uma reunião da CCJ (Comissão de Constituição de Justiça e Redação), que foi uma reunião fantasma, em mais um minuto convocaram todos os líderes e criaram uma Comissão Especial, reuniram a Comissão Especial, analisaram parecer e aprovaram e um minuto depois já tinham tudo isso aprovado com ata no sistema da Casa. As pessoas tem que entender que hoje é um golpe para derrubar o governador, amanhã pode ser um golpe para tirar os direitos da população em três minutos. Aqui foi fatiado o governo do estado, foi fatiada a cadeira do governador”, completou a deputada.
Outro Lado
Em matéria divulgada à imprensa, o deputado estadual Roberto Cidade disse que está honrado por ter sido escolhido pela maioria dos seus colegas e prometeu caminhar junto aos seus pares.
“Tive 16 votos de amigos. O parlamento decidiu dessa forma, respeitando os outros colegas”, disse Roberto Cidade.
Questionado pelo site sobre as acusações feitas pela deputada Alessandra Campelo, Roberto Cidade ainda não se pronunciou. Caso seja encaminhada resposta, a matéria será atualizada.
Mesa garante a legalidade
O presidente da Casa, deputado Josué Neto, afirmou ter segurança a legalidade da votação e que não teme o seu ajuizamento.
“Todas as vezes que atos da Mesa foram ajuizados, o Tribunal de Justiça do Amazonas reconheceu a certeza dos ritos aprovados pela Casa”, falou.