MANAUS – O já “mítico” programa “Canal Livre” voltará à televisão amazonense na próxima segunda-feira (23), sob o nome “Programa Livre”, na Band. O programa já vinha sendo realizado pela internet por Willace Souza, filho de Wallace Souza, ex-deputado estadual que morreu em 2010.
A volta do programa à TV marca o retorno dos ex-deputados Carlos e Fausto Souza, irmãos de Wallace e tios de Willace, na apresentação. A estreia ocorrerá a três dias de completar um mês do julgamento do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) que inocentou ambos, por unanimidade, da acusação de tráfico no “Caso Moa”.
Programa Livre na internet, com Willace Souza. Foto: Reprodução
Também acontece a pouco mais de um ano para as próximas eleições.
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No passado, a atração televisiva, um misto de policialesco com assistencialismo e humor, foi responsável por assegurar votações recordes para os Wallace, Carlos e Fausto, os “Irmãos Coragem”, nas disputas eleitorais.
O antigo Canal Livre na televisão. Foto: Reprodução
Mas, com a deflagração das investigações do “Caso Mora” e com a morte de Wallace, Carlos e Fausto foram progressivamente perdendo capital eleitoral e reeleições. Carlos chegou a ter depressão.
Filiado ao Avante, Willace se lançou na política e tentou se eleger deputado federal, sem sucesso.
Em 2019, a Netflix lançou um documentário sobre o “Caso Moa”, colocando dúvidas tanto a versão do Ministério Público e da Polícia Civil quanto a defendida pelos irmãos.
Willace participou da série com depoimentos que lhe deram projeção. Assim, em 2019 relançou o programa “Livre” na internet e tentou se eleger vereador da capital em 2020, sem êxito novamente.
Agora, com um “atestado” de inocência o novo trio de apresentadores dá sinais de preparação para a disputa de 2022.
Televisão, política e suspeitas investigadas
Entre os anos 1990 e 2000, o “Canal Livre” fez presença na hora do almoço da televisão amazonense, com altos índices de audiência. Com Wallace, um ex policial, na reportagem, o programa garantiu votações expressivas e recordes aos “Irmãos Coragem”.
Wallace tinha acesso privilegiado a cenas de crimes e operações policiais. Criou a imagem de um combatente das “galeras”, como eram chamadas as gangues manauaras, e do tráfico de drogas.
Ele levou os irmão Carlos e Fausto para o programa e mantiveram anos de sucesso, até que surgiram a suspeita de envolvimento do grupo com o tráfico de drogas. Foi um escândalo à época. Entre as suspeitas estavam envolvimento em assassinatos que posteriormente eram exibidos em primeira mão no Canal Livre.
Wallace teve seu mandato de deputado estadual cassado. Carlos teve que renunciar à vice-prefeitura. Wallace morreu na sequência de problemas intestinais, no ápice do caso, que foi esfriando.
Carlos e Fausto mantiveram o programa no ar e foram se mantendo na Câmara dos Deputados (o primeiro) e na Câmara Municipal de Manaus e Assembleia Legislativa do Estado (o segundo), até o ponto que não conseguiram mais reeleição. Assim, o programa saiu de vez da televisão.
Nesse meio tempo, Fausto, então deputado estadual, esteve envolvido em um outro caso policial, no qual foi acusado de exploração sexual de menores.
O cenário começou a mudar após o lançamento do documentário da Netflix e, agora, com a decisão do TJ-AM.