MANAUS – A juíza federal Ana Paula Serizawa, titular da 4ª Vara da Justiça Federal, marcou para o dia 7 de maio o retorno dos depoimentos das testemunhas de defesa do ex-governador José Melo, e dos ex-secretários Wilson Alecrim (ex-Susam) e Raul Zaidan (ex-Casa Civil), no processo da operação “Maus Caminhos”.
No mesmo dia também serão ouvidas as testemunhas dos réus José Duarte dos Santos, Ana Claudia da Silveira Gomes, Keytiane Evangelista e Maria Adriana Moreira.
A audiência iniciará às 8h, segundo decisão assinada por Serizawa.
“As audiências para oitiva de testemunhas que não puderem ser encerradas na data designada serão suspensas e retomadas no dias imediatamente seguintes”, escreveu a magistrada em trecho da decisão.
Serizawa concedeu o prazo de cinco dias para que acusação e defesa apresentem os endereços atualizados de suas testemunhas, “indicando expressamente quais detém prerrogativa para oitiva, sob pena de desistência tácita ou apresentação independentemente de intimação”.
Dia 9
Dois dias depois, no dia 9 de maio, estão marcadas a continuação das audiências das testemunhas dos ex-secretários Evandro Melo (ex-Sead), Pedro Elias (ex-Susam) e Afonso Lobo (ex-Sefaz), também às 8h.
Dia 21
Ainda em maio, no dia 21, a juíza federal Ana Paula Serizawa irá ouvir aqueles que já foram do primeiro escalão do governo estadual, incluindo o ex-governador José Melo e a ex-primeira-dama Edilen Gomes, e os cinco ex-secretários que foram presos na operação Custo Político: Afonso Lobo, Evandro Melo, Pedro Elias, Raul Zaidan e Wilson Alecrim.
Ana Claudia, José Duarte e Keytiane também serão ouvidos no mesmo dia.
Operação Maus Caminhos
Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que desviava recursos públicos por meio de contratos firmados com o governo do estado para a gestão de três unidades de saúde em Manaus, Rio Preto da Eva e Tabatinga, feita pelo INC, instituição qualificada como organização social.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC. A apuração indicou o desvio de pelo menos R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.
As operações Custo Político, Estado de Emergência e Cashback, desdobramentos da Operação Maus Caminhos, mostraram, ainda, o envolvimento de agentes públicos, políticos da alta cúpula do Executivo estadual, entre eles o ex-governador José Melo, e pessoas ligadas a agentes públicos em um esquema de propina criado para acobertar e colaborar com os desvios feitos pelo grupo que geria as unidades de saúde, liderado pelo médico Mouhamad Moustafa.