MANAUS – O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin autorizou a abertura de um processo para apurar o suposto recebimento de R$ 6 milhões em doações de campanha não declaradas – caixa dois – envolvendo o senador Eduardo Braga (MDB) e a empresa J&F, proprietária do frigorífico JBS.
Foram abertos procedimentos para apurar o recebimento de caixa dois também pelos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) – futuro ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro – Paulo Teixeira (PT-SP), Alceu Moreira (MDB-RS), Jerônimo Goergen (PP-RS), Zé Silva (SD-MG) e Marcelo Castro (MDB-PI), bem como pelos senadores Wellington Fagundes (PR-MT), Renan Calheiros (MDB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI).
O diretor de relações institucionais da J&F, Ricardo Saud, declarou em depoimento à Força Tarefa da Lava Jato que o valor total das propinas nas eleições de 2014 seria de R$ 35 milhões, destinadas a parlamentares tidos como essenciais no Senado, com a intenção de aproximar o MDB no apoio ao nome de Michel Temer como vice de Dilma Rousseff.
Segundo o delator, Braga recebeu o mesmo valor repassado aos senadores Eunício Oliveira e Jader Barbalho. Saud disse ainda que o maior montante foi destinado para Renan Calheiros, que teria recebido R$ 9,3 milhões.
A abertura do procedimento foi feita a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e trata-se de uma fase preliminar. A partir de agora, a PGR deverá promover diligências e analisar o caso com maior atenção antes de decidir se leva as investigações adiante e encaminha um pedido para a abertura de inquérito.
Em 2017, quando a delação foi revelada, Braga negou as acusações e ameaçou processar o delator Ricardo Saud. O senador reforça ainda que suas contas de campanha de 2014 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.