MANAUS – Eleitor de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, o governador eleito do Amazonas, Wilson Lima, do PSC, apresentou nesta terça-feira (30) Gabriel Chalita como um dos membros de sua equipe de transição. O político e escritor é amigo do presidente Michel Temer (MDB) e foi secretário e candidato a vice-prefeito do petista Fernando Haddad, em 2016, com quem também mantém relações de amizade.
Conhecido pela rapidez com que publica livros, já são mais de 60, Chalita também se destacou no meio político pela amizade que tem com o presidente da República, Michel Temer (MDB). A relação começou na faculdade: Temer foi professor dele. E se estender no campo político-partidário.
O envolvimento político entre os dois foi parar nas delações da Lava Jato, com um dos executivos da JBS afirmando aos procuradores que Temer pediu, via caixa dois, R$ 3 milhões para financiar a candidatura de Chalita para a prefeitura de São Paulo, nas eleições de 2012. Temer nega, dizendo que todo recurso que o MDB recebeu da empresa foi declarado à Justiça Eleitoral.
Questionado sobre a delação que envolve seu nome, na coletiva em que foi apresentado, em Manaus, Chalita disse que não tem nada a ver com a história. E que nunca sequer foi chamado pela Justiça para falar sobre o caso.
“Com relação a essa citação, eu não tenho nenhum processo. Aliás, em nenhum momento eu fui citado. A citação é de uma outra pessoa, que pediu para a minha campanha, que o Temer pediu. Mas nem estou em inquérito, em processo, nem fui ouvido em relação a isso. Porque a acusação nem é a meu respeito. É de uma conversa do Temer. Acho que todo mundo que passa pela vida pública… saem citações em seu nome em uma série de coisas. Mas, graças a Deus, não tem nada que desabone minha vida”, declarou Chalita, que vai colaborar com Wilson Lima na área de educação.
Secretário e amigo de Haddad
E foi na área de educação que Chalita iniciou sua relação política e de amizade com Haddad. Mas antes de ser secretário de Educação do petista em São Paulo, ele indicou a filha de Temer, Luciana Temer, para a pasta de Assistência Social do governo do PT na capital paulista.
Em 2015, Chalita entrou oficialmente no governo de Haddad, como secretário de Educação. A relação se estreitou, virou amizade, e em 2016, ele se tornou vice na chapa do petista, que acabou derrotado por João Dória.
Escrutínio
Wilson Lima disse que cada nome da equipe de transição foi analisado minuciosamente.
“Quando a gente começou a montar nossa equipe de transição, e nosso comprometimento lá atrás foi esse, a gente teve o cuidado de colocar gente que tenha a lisura necessária, gente honesta, que não esteja respondendo a nenhum processo, e gente que tenha gabarito, que já tenha tido experiência na vida pública, e que possa contribuir com o nosso plano de governo”, disse Wilson Lima.
Conhecimento sobre o Amazonas
Questionado sobre o conhecimento do estado do Amazonas, sobretudo no setor de educação, Chalita afirmou que como presidente do Conselho de Secretários Estaduais de Educação (Consed), viajou e deu muitas palestras em Manaus para professores.
“Quando presidi o Consed estive várias vezes aqui [Manaus]. Dei muitas palestras para professores aqui. E aqui é um laboratório para o mundo. As pessoas olham para o Amazonas meio fascinadas com essa diversidade de etnias, com essa biodiversidade riquíssima”, comentou Chalita.
Além de Chalita, Wilson Lima também trouxe outros profissionais de fora para contribuir com seu plano de governo: Humberto Laudares, que é especialista em políticas públicas e desenvolvimento, e foi secretário de Economia e Planejamento do governo de Geraldo Alckmin, em São Paulo; e David Uip, médico infectologista, Dr. em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; também ex-secretário estadual em São Paulo.
A equipe de transição é composta ainda pelo manauara Franklimberg Ribeiro de Freitas, general do Exército, que já assumiu a presidência interina da Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2017; pelo vice-governador eleito e defensor público Carlos Almeida (PRTB); e pelo deputado estadual Luiz Castro (Rede).
Custos
Profissionais com currículos de peso, ainda não se sabe se a assessoria que os três (Chalita, Humberto e David Uip) prestarão ao governador eleito será paga ou se eles irão compor a equipe de governo de Wilson Lima.
Questionado se o trabalho é remunerado, Chalita disse que nem falou disso com Wilson, e que é movido a sonho.
“Olha, nem falamos sobre isso. Na verdade foi um convite do governador. Não sei como foi a conversa com o David Uip, mas o David é um dos principais médicos do Brasil hoje, acabou de ser secretário do estado de São Paulo, fez um extraordinário trabalho lá. O Humberto tem uma larga experiência na área pública também. Eu acho que nós somos pessoas que estamos bem posicionadas na área privada. E a gente é muito movido a sonho. Quando eu conversei com o governador, fiquei tão bem impressionado com o sonho que ele tem de melhorar esse estado, o significado que foi para ele ser eleito por uma população que olha para ele com esperança. Então a gente vem muito nesse sentido, sem pensar em questões financeiras. A gente pensa muito nessa possibilidade de ajudar o Amazonas a se desenvolver mais”, respondeu Chalita.