Da Redação – O desenvolvimento de materiais resistentes ao SARS-Cov-2, vírus causador da Covid-19, é a base de um estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) nas Emergências de Saúde Pública no Amazonas – Covid 19 – PCTI Emerge Saúde/AM.
A pesquisa, em andamento, busca produzir insumos para serem aplicados em ambientes hospitalares, como maçanetas, corrimãos, revestimento para superfícies de mesas, cadeiras, entre outros objetos com alto contato de pessoas, neutralizando a permanência do vírus.
O PCTI Emerge Saúde da Fapeam apoia pesquisas e/ou serviços estratégicos que subsidiem a Política Pública de Saúde no Estado do Amazonas, com a finalidade de aplicação de seus resultados na resolutividade de questões relativas à pandemia do novo coronavírus – Covid-19.
Coordenada pelo doutor em Engenharia Química, José Costa de Macedo Neto, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a pesquisa, intitulada “Desenvolvimento de materiais nanocompósitos com resistência à Covid-19” visa a utilização em Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e superfícies duras de ambientes hospitalares do Estado do Amazonas.
A ideia, segundo o pesquisador, é a produção de materiais que apresentem resistência ao vírus e, assim, colaborar para a redução do impacto do coronavírus sobre a sociedade amazonense.
“A intenção é fazer com que a pesquisa inicial ganhe corpo e promova mais investimentos para produzir em larga escala esses materiais, que poderão ser empregados em locais públicos que tenham uma maior possibilidade de contaminação como os hospitais, estações de ônibus, parques, entre outros. Os testes comprovaram a desativação de 99% do vírus em até 30 minutos de exposição”, disse.
De acordo com José Neto, no estudo são utilizados materiais nanocompósitos poliméricos, compostos por um polímero que é denominado matriz, em que são incorporadas nanopartículas.
“A combinação desses dois materiais (polímero e nanopartícula) pode resultar em materiais com melhor desempenho mecânico, óptico, elétrico e microbiano”, explicou, acrescentando que na pesquisa foi utilizado o polietileno tereftalato (PET) reciclado como matriz polimérica e o cobre em forma nanopartículas esféricas com dimensões de 80-100 nanômetros (nm ou 10-9 m), que tem a função de desativar o coronavírus (antiviral) e melhorar as propriedades mecânicas.
Para o pesquisador, o apoio da Fapeam em promover estudos sobre a situação atual de emergência de saúde pública foi fundamental para o desenvolvimento do projeto.
“Com o incentivo financeiro da Fapeam foi possível obter a aquisição de equipamentos, insumos, além da liberação das bolsas de mestrado e graduação de pesquisas do projeto”, destacou.
Metodologia
No estudo já estão sendo utilizados os pets reciclados, com os quais será feita a preparação do material por meio de moinhos. Os pets e nanopartículas serão misturados tomando forma de macarrão. O material será peletizado e injetado em formas de corpos de provas, para os testes mecânicos e de ação antiviral.
Outra parte da pesquisa é a produção de filamentos para impressão 3D, feitos de nanocompósitos poliméricos para a produção de objetos com resistência ao vírus. Para isso foram utilizados, além das matrizes como pet reciclado e pet virgem, o poliácido láctico (PLA), acrilonitrila butadieno estireno (ABS) e polyethylene terephthalate glycol (PETG), acrescidos com as nanopartículas de cobre, que serão comparadas as propriedades antiviral e mecânica.
Nas duas formas de produção dos materiais propostos pelo projeto, é realizado um planejamento experimental estatístico, apoiado por um professor da UEA membro do projeto.
Início
As pesquisas com nanocompósitos poliméricos tiveram início durante o doutorado do autor da pesquisa, em 2011, na Universidade de Campinas (Unicamp), quando José de Macedo Neto recebeu o apoio da Fapeam. Durante a pesquisa, foram verificadas diversas possibilidades de aplicações desses materiais.
A pesquisa está sendo desenvolvida no laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&DLab) na Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST-UEA). Outros laboratórios parceiros também estão colaborando com a pesquisa, entre eles o Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos (CMABIO) da UEA e o Laboratório de Virologia Aplicada do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que realizou os testes antivirais.
Foto: Érico Xavier/Fapeam