MANAUS – Uma grande operação para tentar conter o avanço das centenas balsas de garimpo ilegal que estão reunidas há dias no Rio Madeira está sendo articulada pela Polícia Federa, segundo reportagem do Estadão. Além da PF, participam dessa operação, como o Ibama e o Ministério da Defesa.
A PF no Amazonas e, depois, o Ministério da Justiça confirmaram a informação ao jornal. “A pedido do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Polícia Federal acompanha o caso para adoção das medidas cabíveis com a maior brevidade possível”.
A polícia não deu detalhes sobre a operação, mas o Estadão apurou que um grande contingente de agentes envolvendo policiais, agentes do Ibama e das Forças Armadas foi destacado, “dada a dimensão do problema e os riscos de reações violentas”.
O jornal mostrou que garimpeiros já estavam cientes da mobilização policial que pretende dar fim ao que se converteu em uma “Serra Pelada” fluvial. Em mensagem enviada no fim da manhã de quarta-feira (24), por meio de WhatsApp, um garimpeiro já avisava aos demais que “está saindo de Manaus um comboio do Exército, Polícia Federal e Ibama” para a região onde estão as balsas, nas proximidades do município de Autazes. “Está lotado, mano, e subindo para a banda daí, viu”, diz o garimpeiro.
No comando das balsas clandestinas, garimpeiros por sua vez também prometeram reação caso sejam abordados por ações de repreensão. Segundo o Estadão, em outra mensagem de áudio obtida pela reportagem, um homem fala em montar um “paredão” de balsas, com pessoas ao redor dos equipamentos, para reagir a qualquer tipo de abordagem para fiscalização.
“Vocês que têm muita balsa aí, (tem que) fazer um paredão mesmo daqueles e esperar todo mundo aí na frente da balsa. Um atrás, um na frente e ver o que é que dá. Eles vão respeitar, entendeu?”, afirma.
O ESTADO POLÍTICO solicitou informações da PF e do Ministério da Justiça e aguarda respostas.
Ontem (24), o Ministério Público Federal (MPF) recomendou medidas emergenciais de repressão ao garimpo no rio Madeira. O órgão pediu em atuação integrada de órgãos e autarquias federais e estaduais competentes, no prazo de 30 dias.
Entenda
Centenas de balsas que fazem garimpo ilegal de ouro invadiram um trecho do rio Madeira em Autazes, nas proximidades da comunidade do Rosarinho. O prefeito de Autazes, Andresson Cavalcante (PSC), informou que a população local está assustada.
Boatos de descoberta de ouro nas proximidades de Rosarinho fez com que centenas de balsas e empurradores descessem o rio Madeira rumo àquela localidade em busca do minério.
As dragas sugam o leito do rio em busca do minério, provocando poluição. Também é comum o uso de mercúrio, metal perigoso para a saúde humana, no processo.
Em nota, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) informou nesta quarta-feira (24) que tomou conhecimento das denúncias sobre a movimentação de dragas (balsas) de garimpo na região entre os municípios de Autazes e Nova Olinda do Norte, e que será feito um diagnóstico apurando a real situação no local.
O Ipaam destacou que atividades de exploração mineral naquela região não estão licenciadas, portanto, se existindo de fato, são irregulares.
Em atividades como o garimpo ilegal, o Ipaam destaca que pode haver outras possíveis ilegalidades que devem ser investigadas, como mão de obra escrava; tráfico; contrabando; problemas com a Capitania dos Portos. “E, ainda, de ordem econômica, social e fiscal, o que requer o envolvimento de diversas forças para um enfrentamento efetivo do problema”, registou.
“Desta forma, o Ipaam está buscando informações, com intuito de planejar e realizar as devidas ações no âmbito de sua competência, integrado aos demais órgãos estaduais e federais”, informou.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por sua vez, informou que teve ciência do caso e, nesta terça-feira (23), reuniu-se com o Ipaam para alinhar as informações, a fim de tomar as devidas providências e coordenar uma fiscalização de garimpo na região.
+Comentadas 1