MANAUS – Horas depois de juiz eleitoral determinar que Omar Aziz (PSD) pare de veicular propaganda ligando pessoa condenada por tráfico de drogas a Amazonino Mendes (PDT), o governador e candidato à reeleição postou um vídeo no Facebook, na noite desta quinta-feira (27), em que diz sofrer ataques de “um candidato que já perdeu, de longe”, as eleições deste ano.
“Eu venho sofrendo ataques sobre a questão da segurança de forma sistemática, sobretudo por um dos candidatos. Um candidato pelo menos que já perdeu de longe a eleição e apela com o fígado, com ódio, com raiva. Não é por aí o caminho”, afirma Amazonino em um trecho do vídeo, sem citar o nome do senador.
O juiz eleitoral Victor André Liuzzi Gomes determinou nesta quinta (27) que o senador e candidato ao governo do PSD se abstenha de associar, ainda que subliminarmente, o nome de Amazonino ao tráfico de drogas.
A decisão se deu em uma representação onde Amazonino questiona a veiculação de inserções e programas de TV de Omar, em que o candidato explora informação de que o governo contratou um condenado por tráfico de drogas, de nome Carlos Condera, para a Casa Civil.
Na representação, os advogados de Amazonino sustentam que Omar usa a informação para ligar a candidatura do governador ao tráfico de drogas, com o intuito de prejudicar a candidatura à reeleição do candidato do PDT.
Na decisão, o juiz eleitoral concorda com os argumentos dos advogados de Amazonino, estabelecendo a suspensão do conteúdo da TV e da Internet, sob pena de multa de R$ 50 mil para cada descumprimento, sem prejuízo das responsabilidades civil e criminal e, sendo do caso, da perda do tempo correspondente em sua propaganda na televisão e no rádio.
No vídeo postado no Facebook, Amazonino tenta justificar a falha na contratação de um condenado por tráfico sem a devida checagem de antecedentes criminais, sustentando que o estado tem mais de 100 mil servidores.
“Tentar me incriminar porque o governo nomeou uma pessoa que estaria ligada ao tráfico, onde nós temos mais de 100 mil servidores, isso é maldade demais. Eu sou o maior inimigo do tráfico”, diz o governador.
Segundo o juiz, as mensagens de Omar extrapolam a mera crítica, pois tentam transmitir a ideia de que a candidatura do governador está diretamente ligada ao tráfico de drogas, “o que não correspondente à realidade”.
Outro lado
Ouvida pelo ESTADO POLÍTICO, a advogada da coligação de Omar (“Amazonas com segurança”), Maria Benigno, informou que discorda, mas respeita a decisão do juiz, e que ela será integralmente cumprida.
“Mesmo porque a inserção que estava sendo veiculada já foi cessada antes mesmo de qualquer decisão, porque outra já foi encaminhada às emissoras de rádio e televisão”, complementou a advogada.
Maria Benigno disse ainda que, na defesa, a coligação vai demonstrar que as inserções não extrapolaram os limites estabelecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Iremos demonstrar que o atual entendimento da jurisprudência do TSE permite o amplo e irrestrito debate, sendo autorizada crítica contundente, dura, respondendo por danos aqueles que extrapolarem”, afirmou.
Como exemplo, a advogada fez uma comparação entre as inserções de Omar e as do candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) contra Jair Bolsonaro (PSL), que têm sido permitidas pelo TSE.
“O TSE tem sistematicamente indeferido representações e direitos de resposta pedidos pelo Bolsonaro, porque as propagandas dos adversários têm sido bastante ácidas”, comentou Maria Benigno.
Desempenho
Pesquisa DMP/Rede Tiradentes divulgada no dia 21 mostrou Omar Aziz na 3º posição na corrida ao governo, com 15% das intenções votos.
Segundo a consulta, o jornalista Wilson Lima (PSC), com 27%, e Amazonino, com 25%, seriam os favoritos para passar ao 2º turno.